ATA DA OCTOGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 10-10-2005.

 


Aos dez dias do mês de outubro do ano de dois mil e cinco, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Carlos Comassetto, Claudio Sebenelo, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, João Carlos Nedel, Margarete Moraes, Neuza Canabarro e Raul Carrion. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Alceu Brasinha, Almerindo Filho, Carlos Todeschini, Elias Vidal, Ervino Besson, Newton Braga Rosa, José Ismael Heinen, Luiz Braz, Manuela d'Ávila, Márcio Bins Ely, Mario Fraga, Maristela Maffei, Maurício Dziedricki, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Paulo Odone, Professor Garcia, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Adeli Sell, o Pedido de Informações nº 256/05 (Processo nº 5947/05); pelo Vereador Carlos Comassetto, os Pedidos de Providências nos 2317, 2318 e 2319/05 (Processos nos 5819, 5820 e 5821/05, respectivamente); pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de Providências nos 2340, 2341, 2342, 2343, 2345, 2346, 2347, 2348, 2349, 2350, 2351, 2357 e 2358/05 (Processos nos 5896, 5897, 5898, 5899, 5901, 5902, 5903, 5904, 5905, 5910, 5911, 5920 e 5921/05, respectivamente); pela Vereadora Margarete Moraes, os Pedidos de Providências nos 2333 e 2334/05 (Processos nos 5879 e 5880/05, respectivamente); pela Vereadora Neuza Canabarro, o Pedido de Providências nos 2359/05 (Processo nº 5925/05). Do EXPEDIENTE, constou o Comunicado nº 144326/05, do Senhor José Henrique Paim Fernandes, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Ainda, foram apregoados os seguintes Ofícios, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre: de nº 353/05, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 024/05 (Processo nº 5977/05), e de nº 354/05, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 025/05 (Processo nº 5978/05). Também, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador João Antonio Dib, solicitando Licença para Tratamento de Saúde nos dias de hoje e amanhã, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Newton Braga Rosa, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL. Na ocasião, o Senhor Presidente determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Septuagésima Nona, Octogésima e Octogésima Primeira Sessões Ordinárias e da Quadragésima Segunda, Quadragésima Terceira e Quadragésima Quarta Sessões Solenes, que deixaram de ser votadas, em face da inexistência de quórum deliberativo. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Miguel Rangel, representando a Associação Comunitária dos Moradores da Villa Portal dos Pinheiros, que relatou as dificuldades impostas aos moradores do Bairro Restinga pelas modificações adotadas pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana em relação ao transporte público que atende a população local, protestando contra a necessidade de baldeação dos passageiros vindos do Centro em direção àquele Bairro. Nesse sentido, sugeriu a criação de um itinerário de Lotação para atender as necessidades da região e considerou as mudanças implementadas retrógradas e prejudiciais aos interesses daquela comunidade. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Raul Carrion, Haroldo de Souza, Neuza Canabarro, Claudio Sebenelo e Carlos Comassetto manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e vinte e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e trinta minutos, constatada a existência de quórum. Após, o Senhor Presidente registrou a presença das Senhoras Meibe Ribeiro, representando o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul – Sindicato dos Trabalhadores em Educação – CPERS/Sindicato, e Rosa Bott, representando o Conselho Municipal de Educação, convidando-as a integrarem a Mesa dos trabalhos e informando que Suas Senhorias se encontram nesta Casa para solenidade em homenagem ao sexagésimo aniversário dessa entidade. Ainda, como extensão da Mesa, foi registrada a presença do Senhor Antonio Quevedo Branco, integrante da Direção Central do CPERS/Sindicato. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Vereadora Sofia Cavedon, que, em nome da Casa, saudou os visitantes e discorreu sobre a trajetória de lutas e conquistas do CPERS/Sindicato ao longo de seus sessenta anos, enaltecendo o trabalho de seus dirigentes em prol da qualificação da educação no Rio Grande do Sul. Em relação ao assunto, elogiou as principais mobilizações dos trabalhadores em educação do Estado, enfatizando a participação dessa categoria, tanto em movimentos por causas próprias, como em mobilizações históricas no processo de redemocratização do Brasil. A seguir, o Senhor Presidente convidou a Vereadora Sofia Cavedon para, juntamente com Sua Excelência, proceder à entrega de Diploma à Senhora Meibe Ribeiro, com referência ao transcurso do sexagésimo aniversário do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul – Sindicato dos Trabalhadores em Educação – CPERS/Sindicato, concedendo a palavra à Sua Senhoria, que destacou a importância da homenagem hoje prestada por este Legislativo relativamente a esse evento. Às quatorze horas e cinqüenta e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e cinqüenta e cinco minutos, constatada a existência de quórum. Em continuidade, o Senhor Presidente registrou a presença do Deputado Federal Enio Bacci, Coordenador da Frente Parlamentar pelo Direito da Legítima Defesa na Região Sul do Brasil, convidando-o a integrar a Mesa dos trabalhos e informando que Sua Excelência se encontra neste Legislativo para o lançamento da campanha “Desarmar o Cidadão Não é a Solução”. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Deputado Federal Enio Bacci, que explicou sua posição contrária à proibição do comércio de armas de fogo e munições no País, alegando que essa medida fere o direito à legítima defesa dos cidadãos brasileiros. Nesse sentido, contestou a propaganda eleitoral da Frente Parlamentar Brasil sem Armas, questionando a validade de estatísticas veiculadas e repudiando a participação de artistas de renome nacional nessa Campanha. Na ocasião, o Senhor Presidente informou que na Octogésima Sétima Sessão Ordinária será concedido à Deputada Estadual Maria do Rosário, representante da Frente Parlamentar Brasil sem Armas, tempo semelhante ao utilizado pelo Deputado Federal Enio Bacci nesta Sessão, de acordo com recomendação da Justiça Eleitoral. A seguir, o Vereador Aldacir Oliboni formulou Requerimentos verbais, solicitando cópia dos apanhados taquigráficos referentes ao pronunciamento do Deputado Federal Enio Bacci e que seja disponibilizado à Frente Parlamentar Brasil sem Armas tempo similar ao utilizado nesta Sessão pelo Deputado Federal Enio Bacci. Em continuidade, o Vereador Ibsen Pinheiro formulou Requerimento verbal, indeferido pelo Senhor Presidente, solicitando fosse concedida a palavra aos Senhores Vereadores interessados em se pronunciarem em relação ao pronunciamento do Deputado Federal Enio Bacci, tendo se manifestado sobre esse Requerimento os Vereadores Raul Carrion, Ibsen Pinheiro e Dr. Goulart. Na oportunidade, o Vereador Dr. Goulart registrou o recebimento de convite de empregados das Forjas Taurus S/A, para manifestação pública relativa ao referendo sobre o desarmamento, a ser realizada em frente à fábrica dessa empresa, às dezessete horas de amanhã. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ibsen Pinheiro discorreu acerca do referendo sobre a proibição do comércio de armas de fogo e munições no Brasil, considerando maliciosa a pergunta a ser respondida pelos eleitores durante essa votação. Nesse sentido, posicionou-se contrariamente à interferência do Estado na vontade individual dos cidadãos e questionou as estatísticas apresentadas em defesa do desarmamento, frisando que a proibição do comércio de armas de fogo fere o direito à legítima defesa. Às quinze horas e trinta e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e quarenta e um minutos, constatada a existência de quórum. Após, foi iniciado o GRANDE EXPEDIENTE, tendo o Senhor Presidente informado que, durante esse período, seria realizada homenagem ao décimo aniversário da Associação dos Servidores de Cargos de Nível Superior da Caixa Econômica Estadual do Rio Grande do Sul – ASCANC. Compuseram a MESA: o Vereador Elói Guimarães, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre e os Senhores José Francisco Tavares Staudt, Anita de Lima Silveira e Jorge Osmar Gomes de Almeida, respectivamente Vice-Presidente, 2ª Secretária e 1º Tesoureiro da ASCANC. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Nereu D'Avila historiou a criação da Associação dos Servidores de Cargos de Nível Superior da Caixa Econômica Estadual do Rio Grande do Sul. Ainda, salientou que, com a extinção da Caixa Econômica Estadual, os funcionários desse banco passaram a desempenhar funções em vários órgãos estaduais, elogiando o papel desempenhado pela Associação na integração entre seus filiados. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou o Vereador Nereu D'Avila para, juntamente com Sua Excelência, proceder à entrega de Diploma alusivo ao transcurso do décimo aniversário da ASCANC ao Senhor José Francisco Tavares Staudt, concedendo a palavra a Sua Senhoria, que destacou a importância da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezesseis horas e um minuto, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e três minutos, constatada a existência de quórum. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Aldacir Oliboni relatou atividades desenvolvidas pela Comissão Especial de Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiência, realçando a importância da participação da população na elaboração do Estatuto dos Portadores de Deficiência. Nesse contexto, apoiou a constituição do Conselho Municipal dos Portadores de Deficiência e anunciou a Conferência Municipal dos Portadores de Deficiências, nos dias dois e três de dezembro do corrente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Newton Braga Rosa abordou o crescimento da indústria tecnológica no Município, enfatizando a importância, em relação à criação de postos de trabalho, do Parque Tecnológico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada. Nesse sentido, cobrou do Governo Municipal melhores condições para a instalação de empresas na Cidade, defendendo a diminuição da carga tributária. A Vereadora Maristela Maffei anunciou reunião com Parlamentares gaúchos, em Brasília, sobre a construção do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada. Ainda, referiu-se à necessidade de recursos para o atendimento à criança de zero a três anos na Escola Estadual de Ensino Fundamental Maria Cristina Chika. Finalizando, aludiu ao “I Congresso Estadual no Dia do Surdo”, realizado hoje na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Na oportunidade, por solicitação do Vereador Nereu D'Avila, foi realizada verificação de quórum, constatando-se a existência do mesmo. Após, por solicitação do Vereador Raul Carrion, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao Senhor Eloy Martins, ex-Vereador desta Casa, e à Senhora Vera Lúcia Morales Goulart, ex-Dirigente do PCdoB, falecidos no dia oito de outubro do corrente. Na ocasião, o Senhor Presidente comunicou que a Vereadora Maria Celeste representará externamente este Legislativo no 10º Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe, a ser realizado em Serra Negra – SP, do dia nove ao dia doze de outubro do corrente. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Luiz Braz criticou o Governo Federal pela realização de consulta popular relativa à proibição da comercialização de armas de fogo e munições, alegando que os custos desse referendo serão muito altos para o País. Em relação ao assunto, afirmou que setores como a saúde e a educação estão passando por dificuldades financeiras e poderiam estar recebendo os recursos destinados a essa consulta. O Vereador Maurício Dziedricki comentou reportagem publicada no jornal Zero Hora de hoje, em relação à ocupação de espaço do Brique do Parque Farroupilha por ambulantes que comercializam produtos falsificados, alertando que a Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio deve se preocupar com essa fiscalização. Ainda, noticiou a realização de ato público, no dia dezesseis de outubro do corrente, no Parque Farroupilha, a fim de debater o referendo. A Vereadora Neuza Canabarro comentou debate realizado pela TV Câmara, hoje, em relação à questão do acesso à educação às crianças que possuem necessidades especiais, elogiando esta Casa por ter instalado a Comissão Especial de Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiências. Também, destacou ações do Executivo Municipal nessa área, enaltecendo a criação da Secretaria Especial de Acessibilidade e Inclusão Social. O Vereador Haroldo de Souza manifestou-se contrariamente à proibição da comercialização de armas de fogo e munição no Brasil, censurando a utilização de artistas de televisão na campanha a favor o desarmamento da população civil. Sobre o tema, questionou o porquê de a Rede Globo de Televisão estar apoiando a proibição do comércio legal de armas no País, mencionando possível interesse econômico de empresas de segurança particular no assunto. O Vereador Carlos Todeschini debateu o Projeto de Lei do Executivo nº 023/05, saudando a presença, neste Legislativo, de representantes do Fórum das Entidades de Servidores Municipais de Porto Alegre. Igualmente, solicitou do Governo Municipal mais investimentos em infra-estrutura, afirmando serem precárias as condições de pavimentação das ruas da Cidade e relatando alagamentos verificados na Vila Farrapos, resultantes das chuvas do dia trinta de setembro do corrente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ervino Besson comentou a pavimentação das ruas de Porto Alegre, lembrando estadualização de vias federais efetivada pelo Senhor Olívio Dutra quando Governador do Estado. Também, lamentou declarações do Senhor Presidente da República, acerca do envolvimento de Parlamentares em denúncias de corrupção, mencionando matéria a respeito, publicada no jornal Zero Hora do dia oito de outubro do corrente, sob o título “Solidariedade a cassáveis do PT”. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Claudio Sebenelo analisou a conjuntura política atual, alegando que o Senhor Luiz Inácio Lula da Silva não se encontra devidamente preparado para corresponder às exigências do cargo de Presidente da República. Ainda, abordou reportagem da Edição nº 1926 da Revista Veja, segundo a qual o Senhor Genival Inácio da Silva teria montado consultoria para intermediar negócios com o Governo Federal e Prefeituras do Partido dos Trabalhadores. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador José Ismael Heinen agradeceu o Troféu do Menino Deus recebido da Associação dos Amigos e Moradores do Bairro Menino Deus, considerando exemplar o trabalho desenvolvido por essa entidade. Também, congratulou os moradores do Jardim Marabá pela criação de uma cooperativa habitacional e analisou as notícias em relação à crise política no Governo Federal, cobrando a punição dos envolvidos em casos de corrupção. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 004/96, discutido pelos Vereadores João Carlos Nedel e Raul Carrion, o Projeto de Resolução nº 129/05 e os Projetos de Lei do Legislativo nos 266 e 269/05, este discutido pelos Vereadores Adeli Sell e Claudio Sebenelo; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 023/05, discutido pelos Vereadores Carlos Comassetto, João Carlos Nedel e Raul Carrion; em 3ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 183/05, os Projetos de Lei do Executivo nos 013 e 019/05, o Projeto de Lei do Legislativo nº 256/05. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Sofia Cavedon contestou críticas ao Partido dos Trabalhadores, efetuadas por Vereadores desta Casa, discorrendo sobre a política econômica implantada no País pelo ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Ainda, apoiou o movimento por melhores condições salariais e de trabalho empreendido pelos municipários de Porto Alegre, frisando que o Projeto de Lei do Executivo nº 023/05 não corresponde aos anseios e necessidades desses servidores. O Vereador Raul Carrion elogiou o trabalho da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação no acompanhamento de processos de desocupação compulsória de imóveis e citou mobilização realizada em Porto Alegre no último dia sete, de protesto pela morte do sindicalista Jair Antonio da Costa. Também, prestou homenagem póstuma aos Senhores Eloy Martins e Vera Lúcia Morales Goulart e registrou o transcurso, no dia oito de outubro, do aniversário de morte de Che Guevara. A seguir, o Vereador Carlos Comassetto formulou Requerimento verbal, solicitando verificação de quórum, tendo se manifestado a respeito os Vereadores Luiz Braz, Carlos Comasseto, Claudio Sebenelo e Sofia Cavedon. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz contraditou o pronunciamento anterior da Vereadora Sofia Cavedon, a respeito de privatizações feitas pelo Governo do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Nesse contexto, questionou as políticas públicas do Partido dos Trabalhadores, afirmando que gestores desse Partido teriam participado do processo de privatizações de empresas no país. Às dezoito horas e dezoito minutos, constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo Vereador Carlos Comassetto, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quinta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Elói Guimarães, João Carlos Nedel e Luiz Braz e secretariados pelo Vereador Nereu D’Avila. Do que eu, Nereu D’Avila, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Recebemos Requerimento de autoria do Ver. João Antonio Dib, solicitando Licença para Tratamento de Saúde nos dias 10 e 11 do corrente. Atestado médico em anexo.

 

(Obs.: Foi apregoado o Requerimento de Licença do Ver. João Antônio Dib e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Miguel Rangel, representando a Associação Comunitária dos Moradores da Villa Portal dos Pinheiros, está com a palavra, e falará sobre o sistema de transporte coletivo da Restinga, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. MIGUEL RANGEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, boa-tarde a todos os Vereadores e ao público presente, o que nos traz aqui, hoje, é um problema muito sério, e que a Câmara, através da CUTHAB, já está ciente do problema que aflige - talvez seja um dos mais graves problemas da história da Restinga.

Sou morador do Bairro há mais de 25 anos, e nunca vi, nunca aconteceu uma arbitrariedade tão grande, tão forte, como a que está acontecendo agora em relação aos ônibus.

O que temos a relatar é que nós tínhamos linhas regulares de ônibus do Centro da Cidade até o bairro Restinga. O que acontece agora é que o trabalhador cansado, depois de trabalhar ao longo de todo o dia, depois de levar uma hora e dez minutos para chegar ao bairro Restinga, tem de chegar lá, desembarcar e pegar outro ônibus para ir para a sua casa com seus filhos. Isso, Vereadores e Vereadoras, para nós, é um retrocesso. Eu não vejo isso em lugar nenhum do mundo. Eu cheguei ontem da França e da Itália, onde discutia, dentre alguns assuntos, exatamente a questão do transporte. É lamentável que Porto Alegre retroceda mais de um século. É lamentável que depois de termos um transporte - muitos Vereadores e Vereadoras que estão aqui conhecem, o Sr. Presidente também conhece a Restinga, sabem que depois de você ter uma linha de ônibus consolidada não é possível retroceder, voltar ao passado e criar alimentadoras.

Eu dou um exemplo: vocês imaginem criar aqui na Linha Menino Deus, a 177, que é uma linha tradicional de Porto Alegre, e fazer com que ela saia do Centro e vá até a Ipiranga. Na Av. Getúlio Vargas com a Av. Ipiranga os moradores do Menino Deus desceriam e depois pegariam outro ônibus para irem até o restante da Linha do Menino Deus. É um absurdo!

Por isso viemos denunciar, Ver. Nereu D’Avila, porque o nosso povo da Restinga é um povo ordeiro e qualificado, de alta qualidade. Eu mesmo sou servidor da Justiça Federal, vizinho de vocês há muitos anos, há quase 20 anos como servidor, nós temos lá muita qualidade. Nós temos de avançar no transporte público.

Nós precisamos da ajuda dos senhores para que tenhamos o nosso lotação. Isso sim é avançar na qualidade. É que se busquem alternativas, Ver. Dr. Goulart, companheiro de luta também. Que tenhamos a extensão do metrô para a Zona Sul de Porto Alegre, que nós tenhamos acesso a linhas da Carris, que tragam as pessoas de Belém Novo, Restinga e Lami, do Sul da Cidade para a Zona Norte. É isso que se tem de fazer: qualificar. E não fazer com que os trabalhadores da Restinga sofram da maneira como estão sendo penalizados; pagando uma das tarifas mais caras do País e sofrendo da maneira como estão sofrendo.

Nós estamos sofrendo alguns assaltos inclusive nessas linhas alimentadoras. Digo isso, porque o bairro Restinga é um dos melhores para se viver em Porto Alegre, em termos de qualidade de vida, pelo menos tínhamos isso até a implantação dessas linhas alimentadoras. Essas linhas alimentadoras funcionam somente com motorista, e aí as pessoas são convidadas a retirar os seus tênis, a retirar as suas camisas, carteiras... Por quê? Porque só o motorista não pode fazer nada, não tem mais ninguém, somente o motorista. É um retrocesso! Não é possível isso! A gente pede a intervenção, pedimos à CUTHAB que oficiasse ao BNDES, porque esse é um projeto concebido lá, no ano de 1999, eu o acompanhei na íntegra, todo ele. E nunca esteve dentro desse projeto, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, na gestão passada e nesta gestão, a inclusão de linhas alimentadoras. Nunca!

Por isso eu desafio o Secretário Senna, que é uma pessoa cordial, mas está equivocado no momento, de nos provar que dentro daquele projeto estavam contidas essas linhas alimentadoras. O que continha ali, sim, eram os terminais unificados, e isso está posto de uma maneira qualificada na Restinga.

Nós repudiamos isso, não aceitamos fazer baldeação, Vereadores, somente no dia em que nós tivermos - e os senhores e as senhoras nos ajudarem a fazer esta Cidade progredir, porque eu venho lá da França, agora, também de Roma, e lá há metrôs qualificados, os senhores devem conhecer. É para isso que nós temos que avançar e não retroceder, fazendo com que os trabalhadores da Restinga sofram da maneira como estão sofrendo.

Então peço a sensibilidade dos senhores para que nos ajudem. Eu tenho certeza que quase todos aqui, pelo que eu me lembro, conhecem a Restinga; eu conheço vocês, conheço os senhores e as senhoras, a ex-Secretária de Educação, o ex-Diretor do DMAE, Ver. Todeschini, a ex-Secretária de Cultura, Margarete, o querido Ver. Haroldo, o Deputado Federal Ibsen Pinheiro, são pessoas que estão sempre na busca de apoio também na Restinga. Eu acho que é o momento de, agora, a Restinga também pedir a V. Exas. para que sensibilizem o Prefeito Fogaça, porque o que nós estamos pedindo é tão-somente para contribuir com a Cidade. É para ajudar o Prefeito Fogaça a governar, porque isso é um equívoco dele, é um equívoco da Secretaria. Eu acho que o movimento que estamos fazendo lá, e que é forte, o Movimento Acorda Restinga, junto com todas as associações, é exatamente para o povo acordar, porque a Prefeitura e os governos Estadual e Federal não podem fazer o que quiserem, não podem retirar direitos que conquistamos através de muitos anos de luta.

Nós começamos, lá na Restinga, com um sistema precariíssimo de transporte - os mais idosos devem-se lembrar -, e chegamos a um nível de qualidade razoável. Temos que avançar para melhorar a qualidade de vida daquele povo. Nós temos lá, Ver. Haroldo, quase 120 mil habitantes. É muito maior do que Erechim; é quase do tamanho de Passo Fundo. Isso tem que ser respeitado! Gente de bem, gente que luta, que levanta às 5 horas da manhã. Não tem cabimento chegarem lá no Bairro cansados, cheios de sacolas na mão, com seus filhos no colo, e terem de descer e esperar outro ônibus para irem para casa. Não, não dá!

Eu tenho certeza de que os senhores e as senhoras são inteligentes o suficiente, são sensíveis o suficiente para nos ajudar. Pedimos o apoio de todas as Bancadas, em especial à Presidência da Câmara, para que sensibilize o Secretário Senna e o Prefeito Fogaça, para que nos ajudem e retirem essas linhas alimentadoras e façam retornar as linhas normais, os “pinga-pinga” - que nós tínhamos na Restinga Nova e na Restinga Velha - e também que nos ajudem a conquistar o nosso lotação, como tantos bairros já têm. O seu bairro já tem, Ver. Nereu D’Avila - companheiro de luta -, aqui do Menino Deus. Nós queremos ter esse direito. Nós não queremos andar de graça, vamos pagar por esse serviço, que é uma concessão pública.

Encerro, pedindo o apoio dos senhores e das senhoras; deixo o meu agradecimento e reafirmo que o povo da Restinga estará fiscalizando o Executivo e pedindo a sensibilidade política dos senhores. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Convido o Sr. Miguel Rangel para fazer parte da Mesa Diretora dos trabalhos. Essas alterações - e aqui vou-me permitir perguntar ao Sr. Miguel Rangel, quando se deram as alterações das linhas alimentadoras?

 

O SR. MIGUEL RANGEL: Duas, na Restinga Nova e na Restinga Velha, a partir do dia 16 de julho do ano corrente.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Em primeiro lugar, a nossa saudação ao companheiro Miguel Rangel, em nome de quem saúdo também as demais lideranças da comunidade que nos acompanham aqui e pela TV Legislativa neste momento. Queria dizer que a CUTHAB não só tomou conhecimento, como já realizou uma audiência pública nesta Casa, meu Presidente, com a presença do Secretário de Transportes, dos empresários do transporte coletivo, da Comissão de Habitação da Restinga, do Movimento Acorda Restinga, enfim, com a presença de todas as entidades. E também pessoalmente tivemos oportunidade de ir a uma reunião, uma espécie de assembléia, convocada na comunidade. Nessa reunião que ocorreu aqui, onde foi apresentada uma série de razões pela EPTC, nós fizemos alguns encaminhamentos. O primeiro, foi solicitar oficialmente para a CUTHAB o pedido desse Projeto que está sendo questionado. Esta reunião realizou-se no dia 6 de setembro e, até hoje, Presidente, infelizmente, Sr. Miguel Rangel, nós não recebemos o Projeto da EPTC. No dia 16 - e eu tenho aqui a correspondência - nós fizemos um pedido formal ao Sr. Luiz Afonso dos Santos Senna, com o seguinte teor: “Foi solicitado por esta Comissão o fornecimento de cópias, não só das lâminas apresentadas pelo técnico da EPTC, como também do Projeto que implantou na Região as alterações discutidas”. Do dia 16 até hoje já se passaram vinte e poucos dias, não recebemos nenhum documento. Nós vamos insistir, porque é importante que tenhamos conhecimento do Projeto original.

Eu queria dizer, também, que nesta reunião nós solicitamos que a Secretaria recebesse o Movimento Acorda Restinga, porque, na verdade, a EPTC está dialogando unicamente com uma comissão de transporte da região, que também é legítima, no nosso entender. Eu falava com o Miguel Rangel e ele me disse que até hoje o Movimento também não foi recebido. Nós lamentamos essas duas questões: uma que o Movimento não tenha sido recebido, e a outra é que esta Casa não tenha recebido os documentos, os projetos solicitados. Quero comprometer-me que insistiremos, porque achamos que é um problema de conflito até entre setores da comunidade, e é preciso que consigamos reabrir essa negociação.

Então, parabéns por sua vinda aqui, isso nos reaviva a necessidade de conseguir essa documentação. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, meu querido Miguel Rangel lá da Associação Comunitária da Vila Portal dos Pinheiros, que é um pedacinho ali próximo à Restinga. Cumprimentos pela sua explanação; parece até que tem um sangue de político correndo nas veias, porque sabe explicar direitinho, e entendi perfeitamente o que você quis dizer e, com absoluta razão. Eu devolvo para ti o seguinte: vocês não estão pedindo esse transporte de graça; vocês querem pagar. E por que a Restinga não pode ter lotação? Onde é que está escrito que tem que ter discriminação entre os povos de uma cidade? Está escrito em algum lugar? Se não está, o senhor pode contar com o nosso empenho, de todos nós do PMDB, para que possamos, junto ao Senna, da EPTC, acabar com esse problema. Olha, seu Miguel Rangel, faz algum tempo que a gente está falando nisso, não é? Já faz algum tempo que a gente está-se reunindo para tratar disso, não é? Já faz algum tempo que a gente chama técnicos para falar sobre isso, não é mesmo? Então, está na hora de resolver. Por favor!

Obrigado pela sua presença aqui; conte conosco.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Neuza Canabarro está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. NEUZA CANABARRO: Em nome da Bancada do PDT, dos Vereadores Nereu D’Avila, Dr. Goulart, Ervino Besson, Márcio Bins Ely e Mario Fraga, eu queria dizer-lhe que pode contar conosco, porque nós sabemos como é difícil chegar à Restinga. Eu principalmente vejo isso, porque tenho, ali em frente ao supermercado Assun, uma ONG - a ONG Consciência - com um grupo muito grande de voluntários, e os voluntários não podem fazer todo esse trabalho transportando-se por carros; então precisam de lotação. Eles levam mais tempo para chegar até lá e voltar do que o tempo que realmente utilizam para dar atendimento. Então, o senhor pode contar conosco. É uma tarefa para a qual já se vem há muito tempo insistindo e esperamos que o Governo Fogaça, que veio para mudar, possa, imediatamente, conceder uma linha de lotação para a Restinga.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, falo em nome do PSDB, e em nome do Ver. Luiz Braz, Líder da Bancada, no sentido de lhe dizer, Dr. Miguel Rangel, que nós, que já estamos no ano de 2005, achamos um retrocesso imenso isso que o senhor nos conta. Mas nós vamos atrás disso, especialmente, quanto a torturar uma população dessa maneira, - não foi para isso que nós elegemos o Prefeito Fogaça! Isso é inaceitável, e nós vamos tomar providências, vamos pedir, vamos bradar! E se isso não for possível, se isso não corrigir a situação, nós vamos mais longe um pouco, porque como isso que o senhor nos contou - evidentemente que não duvido de uma vírgula de tudo o que o senhor disse seja verdade - nós exigiremos uma atitude muito mais forte e muito mais decisiva, porque seria um mínimo de obrigação ter-se a normalização do atendimento à Restinga, que é uma região forte, pujante, com 180 mil habitantes, que é como uma outra cidade aqui dentro de Porto Alegre, e que está no nosso coração também. Eu tive uma votação expressiva na Restinga, e o Ver. Luiz Braz também, e por isso nós nos sentimos, como procuradores, na obrigação de, independente de qualquer facção política, de qualquer posição, não só exigir, mas de dizer que se isso não for atendido, terá conseqüências. Muito obrigado pela sua presença.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Os nossos cumprimentos ao amigo Miguel Rangel, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores e aqui dos colegas Verª Margarete Moraes, Verª Maria Celeste, Verª Sofia Cavedon, Ver. Aldacir Oliboni, Ver. Adeli Sell e do nosso Líder, Ver. Carlos Todeschini. Quero dizer que não só somos solidários, como somos parceiros e companheiros para construir as políticas sustentáveis desta Cidade. E aqui queremos fazer algumas afirmações. Esse processo do transporte coletivo é resultado de um trabalho de longos anos, o qual culminou com a inauguração de uma conquista naquela comunidade, que foi o terminal. Porém, as vias, que são as alimentadoras, implementaram-se na seqüência e geraram um conjunto de conflitos. Quando lá estivemos, há dois meses, na Associação Comunitária do Núcleo Esperança, debatendo com o senhor juntamente com o Ver. Carrion, já dizíamos: esse é um tema do planejamento participativo.

Eu quero afirmar, aqui, uma questão aos Vereadores, colegas da base do Governo, que o Secretário Senna se comprometeu, aqui na CUTHAB, há um mês, que iria estabelecer um diálogo com o bairro Restinga, concedendo-lhe o direito ao contraditório, e isso não aconteceu. Portanto, nós, da CUTHAB, temos isso muito bem claro, documentado, e a mudança que foi prometida era para melhor. E estamos, aqui, Sr. Miguel Rangel, para cobrar que isso aconteça, porque a nossa comunidade merece qualidade em todos os sentidos, inclusive no transporte público coletivo; comunidade essa que tem a sensibilidade de receber eventos, desde a música clássica até a semana cívica do bairro Restinga, que se instituiu há poucos dias, construindo e cultuando a paz. E é isso o que nós queremos. Muito obrigado pela sua presença.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Em não havendo mais quem queira se manifestar, nós queremos saudar o Sr. Miguel Rangel, que é da Associação Comunitária dos Moradores da Villa Portal dos Pinheiros, o qual, aqui na tribuna, trouxe as reivindicações do bairro Restinga, no que respeita a questão do transporte coletivo, bem como as alterações que, a seu juízo, não corresponderam aos anseios da comunidade. Por outro lado, também pleiteia o transporte por lotação. Receba as nossas saudações, e nossos cumprimentos.

A matéria foi colocada, os Vereadores se manifestaram e, a partir daí, os debates e todas as formas serão discutidas, para que se chegue a resultados que atendam aos interesses da nossa comunidade, mormente da comunidade do bairro Restinga.

Então, receba as nossas saudações. Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h29min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães – às 14h30min): Estão reabertos os trabalhos.

Hoje temos o comparecimento de representantes da Direção do Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul - CPERS/Sindicato, que abordará o assunto da trajetória da entidade e o transcurso do seu 60º aniversário.

Convidamos a fazer parte da Mesa a Professora Meibe Ribeiro, que é membro da Diretoria do Centro de Professores do Rio Grande do Sul/CPERS; a Professora Rosa Bott, representante do Conselho Municipal de Educação. Como extensão de Mesa, queremos saudar o Professor Antonio Quevedo Branco, da Diretoria Central do CPERS/Sindicato; demais professores e professoras aqui presentes, sintam-se todos saudados.

A Verª Sofia Cavedon, também professora, requerente deste comparecimento do CPERS, está com a palavra, em nome da Casa, para fazer a saudação.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, a quem agradeço por acolher a possibilidade deste momento para registrarmos, também nesta Casa, os 60 anos desta tão importante entidade de classe da área da Educação. Professora Meibe Ribeiro, membro da Diretoria do Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul - CPERS/Sindicato; Professora Rosa Bott, representando o Conselho Municipal de Educação; colegas professores que acompanham, caros Vereadores.

Não é qualquer coisa, são 60 anos de luta pela educação; 85 mil filiados. O maior Sindicato do País, com certeza, já se dizia da América do Sul - não sei se já fomos ultrapassados - na área da Educação, especialmente. Com uma sede desde 1979 - fui ver na história -, que o Sindicato levou 13 anos para construir, que é uma sede que é marco, que é porto, que é acolhimento dos professores, dos núcleos do Estado do Rio Grande do Sul, que é ao mesmo tempo albergue e acolhe milhares de reuniões que organizam a luta dos trabalhadores em educação.

O CPERS/Sindicato marca a história da educação neste País, com conquista das hoje pensadas tão-naturais, como o 13º salário para os professores, mas que precisou de greve. Com conquistas que tiveram história em diferentes categorias, que foram um estímulo para a luta e foram instrumento, conteúdo, que informou a luta das diferentes categorias de professores municipais, estaduais e do País, quiçá de fora, como a conquista do Plano de Carreira. Lembro, quando discutíamos o Plano de Carreira no município de Porto Alegre, que nos espelhávamos no Plano de Carreira dos professores estaduais, conquistado pelo CPERS/Sindicato, já lá na origem do Sindicato, no ano de 1973, já não era origem, porque nasceu em 1945 com o nome de Centro de Professores Primários e Estaduais. E lembro que, com toda a luta, nós não conseguimos um Plano de Carreira igual ao do Estado, porque o Estado tinha conseguido um plano que valorizava muito a formação em Nível Superior, valorizava a sua experiência. E hoje eu diria que é um Plano de Carreira primoroso, mas com salário básico baixo, não permitindo que os salários sejam dignos.

Em greve de 13 dias no Governo Amaral de Souza conquistou-se 20 mil nomeações. Portanto um Sindicato que lutou pela profissionalização - lutou e luta - e pela valorização dos trabalhadores em Educação, pelo ingresso através de concurso público, pelo fim do apadrinhamento, pela possibilidade da carreira, da seqüência na carreira. Vitória tão importante na época, e já há tantos anos desrespeitada pela seqüência de contratos temporários que nós temos pelas escolas do Rio Grande do Sul afora, mas uma conquista fundamental na luta pela redemocratização do País, pelo concurso público e, com certeza, muitas esferas conseguem manter todo o ingresso por concurso público.

Vejam, o CPERS conquista em greve a participação no seu Conselho Estadual de Educação. Quando nós vamos discutir em Porto Alegre, o nosso Conselho, por essa luta do CPERS, ele já nasce tranqüilamente prevendo a representação dos trabalhadores. São conquistas de vanguarda que se incorporam em verdades incontestáveis. Resistem a uma intervenção no CPERS em 1982, no Governo Amaral de Souza; fazem 60 dias de greve para conquistar o 13º em 85; e 35% das receitas dos impostos destinados à Educação. Eu me arrisco a dizer que essa é uma das conquistas mais importantes do CPERS/Sindicato, e friso essas conquistas para não se dizer: “O CPERS faz greve pelo salário dos professores!” Porque a vinculação de receitas para Educação tem transformado a Educação no País. Eu não sei o que seria de um país sem as vinculações constitucionais garantindo recursos à Educação - em que o Estado público pauperizado do jeito que está, a lógica do Estado mínimo, a responsabilização do funcionário público pela dívida do Estado -, se não fosse essa conquista gravada na Constituição que tem que se colocar 35% aqui, 30% na esfera nacional. Porto Alegre incorporou 30%; e a Constituição Nacional, 25%. Vejam o que é a conquista do CPERS: 35% no Estado.

Lembro ainda dos 96 dias na praça e da luta pelo básico, pelos 2,5% no básico. Eu dormi na praça junto com muitos professores, muitas músicas cantamos, muita mobilização, muita sineta, e sabíamos o quanto era importante aquela luta por um piso básico.

Hoje os trabalhadores da Educação deste Estado sofrem, por mais que tenham todas essas conquistas, entre elas a de um plano de carreira como esse, que é exemplar, por um básico que não é digno.

Tento encaminhar, Ver. Elói, Presidente, lembrando o fundamental papel do CPERS/Sindicato na luta pela redemocratização do País, na campanha das “Diretas Já”; na campanha “De Olho na Constituinte”, para a construção de uma Constituição democrática; na construção de um plano nacional de educação para este País; no fortalecimento da CNTE; na participação do Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública; conquistas que fazem da Educação protagonista de um País melhor e, se ainda não é o País que queremos, pelo menos é um País que avança na sua democracia, que incorporou leis importantes que valorizam a Educação e o Estatuto da Criança, mas que tem muitos desafios pela frente.

O registro que faço em nome de todos os Vereadores, com certeza, é de que nós nos orgulhamos demais dessa história; nos orgulhamos demais da luta do CPERS/Sindicato, do conjunto dos trabalhadores da Educação. Vejo aqui dirigentes da ATEMPA, e digo que mais uma conquista - a do Plano de Carreira dos funcionários - do CPERS foi fundamental, conquista que ainda não alcançamos em Porto Alegre, por exemplo. Então, o CPERS sempre é protagonista de novos espaços, novas conquistas, colocando em primeiro lugar a Educação e com isso contribuindo com a luta geral dos trabalhadores, com a democratização do País e com a qualidade de vida das nossas crianças e adolescentes. Parabéns, longa vida, muitos vitórias ao CPERS/Sindicato.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Convido a Verª Sofia Cavedon a proceder à entrega do Diploma, alusivo à data comemorativa, à Profª Meibe Ribeiro, membro da Diretoria do Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul - CPERS.

 

(Procede-se à entrega do Diploma.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Professora Meibe Ribeiro está com a palavra.

 

A SRA. MEIBE RIBEIRO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu cumprimento a todos neste momento importante da nossa vida sindical, por estarmos tendo o reconhecimento desta Casa aos 60 anos de luta e de história do CPERS/Sindicato.

Estamos aqui representando o CPERS, porque a nossa Presidente, Professora Simone, está numa audiência com a CUT e o Governo do Estado, mas estamos aqui com orgulho representando essa Entidade, que tem uma projeção estadual e nacional e que também faz parte da Confederação Mundial de Educação, filiada à CNTE e à CUT.

Queremos, aqui, neste momento de homenagem, também dizer do orgulho que sentimos em ser trabalhadores em Educação, apesar de toda a desvalorização, apesar do descaso com os serviços públicos, em especial com a Educação. Com um básico, Professora Sofia, de 234 reais por mês, ainda assim, o Estado do Rio Grande do Sul conquistou a melhor Educação do País. E nós temos consciência, sem nenhum constrangimento de estarmos aqui nos auto-elogiando, de que esse título é fruto do trabalho cotidiano de milhares e milhares de trabalhadores em Educação neste Estado. Não é por acaso, não. E se não é por acaso que nós temos essa Educação, ela também só é possível, porque nós temos um Sindicato que faz a luta; nós temos um Sindicato que faz da Educação a sua profissão; trabalhadores que fazem do seu Sindicato um espaço de luta política, um espaço de luta em defesa da Educação e da sociedade como um todo.

O CPERS/Sindicato, ao longo desses 60 anos, tem como compromisso a Educação pública de qualidade; a Educação democrática com acesso, permanência e promoção; a gestão dentro da escola pública democrática com eleição de diretores e com os conselhos escolares organizados em todas as escolas.

A Vereadora citou aqui os nossos momentos de luta e as nossas greves. Sempre lutamos por qualidade profissional, por salário, por condições de trabalho, mas ao lado dessa luta coorporativa o CPERS/Sindicato sempre esteve junto com os demais trabalhadores, junto com a sociedade, lutando por verbas para a Educação, por um projeto político-pedagógico, lutando para que a comunidade possa decidir os rumos da escola pública através da sua participação. Podemos citar aqui, entre outras questões que a Vereadora já citou como conquistas nossas, da nossa luta que hoje nós temos no Estado do Rio Grande do Sul, em forma de lei, as verbas trimestrais para a Educação, que vão direto para as escolas, que são administradas pelo Conselho Escolar e pela Direção da Escola.

A eleição de diretores é uma conquista nossa, pela qual lutamos durante anos, greve após greve, e a conseguimos. O Conselho Escolar, com função deliberativa nas questões financeiras da escola, também é uma conquista, da qual fez parte a própria comunidade escolar. E, conforme a Vereadora citou, a questão do Conselho Estadual de Educação que, através da nossa luta, hoje é um Conselho que representa os mais diversos organismos em relação à Educação e à própria sociedade.

Nós queremos, neste momento, encerrando, agradecer profundamente por este diploma que estamos levando, por esta homenagem que está sendo feita por esta Casa, e dizer que estamos numa luta, a partir do dia 23 de setembro, com o lançamento da Jornada em Defesa do Serviço Público.

Queremos, através da nossa organização, e com a comunidade escolar, com a sociedade em geral, dizer ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul que os 35% que estão na Constituição devem ir para a Escola Pública; que 10% de reajuste aos trabalhadores em Educação, em quatro anos, não podemos aceitar. Queremos discutir, neste Estado, a Segurança Pública, a Saúde, junto com a Educação. Por isso a nossa Jornada em Defesa do Serviço Público não é só por salário, apesar de também ser muito por salário. A nossa categoria vem sofrendo e está chegando ao final do terceiro ano com 10% de reajuste, mas também queremos discutir com a sociedade os demais serviços públicos que são obrigação do Estado e que não estão sendo atendidos.

Portanto, a nossa luta é uma luta por democracia, é uma luta por um Estado que atenda às necessidades de sua população, é uma luta pela Educação, e é uma luta para que a nossa sociedade venha construir e conquistar democracia, solidariedade e, principalmente, participação. Obrigada. (Palmas.)

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos, ao encerrar este espaço dedicado a homenagear os 60 anos do CPERS, cumprimentar a Verª Sofia Cavedon por ter trazido e oportunizado à Casa este momento; saudar as Professoras que aqui representam o CPERS, a Professora Meibe Ribeiro, a Professora Rosa Bott e também o Professor Antonio Quevedo Branco, que é da Diretoria do CPERS. Antes, eu dizia aqui às duas Professoras que a luta do CPERS é permanente, porque passa por todos os governos; é uma luta permanente na busca do aperfeiçoamento das relações, enfim, da Educação nos seus múltiplos aspectos. Não é só a questão salarial que é importante, é fundamental, é bem verdade, mas tantas e tantas outras questões estão, exatamente, nas plataformas política do CPERS, como uma educação de qualidade, enfim, a democracia, todos esses fatores que construíram, ao longo do tempo, essa credibilidade que o CPERS tem quando chega ao seu 60º aniversário.

Portanto, recebam a saudação da Casa, já feita na indicação da Verª Sofia Cavedon, mas recebam, em nome de todos, as nossas saudações aos 60 anos do CPERS.

Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h52min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães – às 14h55min): Estão reabertos os trabalhos.

Convidamos o Deputado Federal Enio Bacci, Coordenador da Frente Parlamentar pelo Direito da Legítima Defesa na Região Sul do País, para se pronunciar acerca da Campanha do Desarmamento.

Nós saudamos o Dep. Federal Enio Bacci, velho amigo de longa data, especialista em questões ligadas à segurança, que nos honra com sua presença.

Devemos dizer que, com relação à Lei Eleitoral, nós teremos aqui - Ver. Dr. Goulart, V. Exª que proporcionou a vinda do eminente Dep. Federal Enio Bacci -, na próxima segunda-feira, um pronunciamento, uma palestra acerca do Referendo, dentro dos termos regimentais, do Sim. O Dep. Federal Enio Bacci vem aqui trazer suas considerações acerca do Não e, possivelmente, já está sendo agendado para exatamente darmos um equilíbrio e atendermos aos preceitos da Lei Eleitoral, na próxima segunda-feira, então, estará aqui, possivelmente, a ex-Vereadora, a atual Deputada Federal Maria do Rosário, que falará sobre o Sim.

 

O Deputado Federal Enio Bacci está com a palavra.

 

O SR. ENIO BACCI: Boa-tarde a todos os Vereadores e Vereadoras, imprensa, comunidade que participa desta Sessão do Poder Legislativo de Porto Alegre. Em nome do Ver. Elói Guimarães, Presidente desta Casa, nosso amigo de longos anos, eu quero agradecer ao Ver. Dr. Goulart pela oportunidade oferecida, esse amigo também de longas e longas datas e hoje o nosso representante nessa causa, que busca conscientizar as pessoas de que não podemos perder mais um direito, que é o direito de optar livremente, se um dia vamos querer ou não adquirir uma arma de fogo. Ver. Goulart, o meu agradecimento muito especial a V. Exª Tenho a convicção de que nos ajudando a coordenar o trabalho, aqui no Legislativo, estaremos bem representados.

Estendo a saudação a todos os Vereadores, de todas as siglas partidárias que aqui estão.

Quero deixar registrado que, lamentavelmente, a Campanha na televisão tenta mostrar uma luta do bem contra o mal, quando na verdade não é isso; tenta mostrar de um lado os defensores do Sim como pacifistas e do outro lado os defensores do Não como armamentistas e até mesmo colocando, insinuando, que os defensores do Não sejam favoráveis ao crescimento, ao aumento da violência.

Quero deixar bem claro que, fora algumas exceções, nós, que defendemos o Não, não queremos que as pessoas se armem; ao contrário, queremos que as pessoas preferencialmente não comprem armas.

Agora, nós achamos, neste País já se tolhem tantos direitos do indivíduo, que tirar do cidadão o direito de eventualmente um dia, dentro da lei, seguindo os trâmites legais, adquirir uma arma é uma violência, até porque estaremos decidindo não o que nós poderemos querer amanhã ou depois, mas o que as futuras gerações podem querer amanhã ou depois. Nossos netos que nem nasceram podem, daqui a 30 anos, por um motivo ou por outro, querer adquirir uma arma legal e não poderão, se eventualmente vencer o Sim.

Então vejam que essa é uma decisão que avança a questão do bem ou do mal; vai muito além disso. Nós sabemos que a arma hoje é apenas um instrumento, é uma discussão polêmica, mas a arma é um instrumento. Assim como o automóvel é um instrumento, e não é o automóvel, por si só, que causa acidentes, mas o motorista que dirige em excesso de velocidade, embriagado, com imprudência. A mesma coisa é a questão da violência: quem mata não é a arma, mas é quem puxa o gatilho.

Então combater o crescimento da violência é trabalhar a violência que está dentro de cada cidadão, trabalhar com a educação, com cultura, desarmando o espírito agressivo das pessoas. E é isso que nós queremos, não a simplificação de que, com a proibição do comércio de armas e munição, nós estaríamos reduzindo índices de criminalidade e violência.

Fique bem claro - e aqui vocês sabem melhor do que ninguém - não vamos votar no Referendo a aprovação ou não desse Estatuto que já é Lei. Nós vamos apenas decidir se fica ou não proibido o comércio de armas e munição, apenas isso; a gente sabe que, lamentavelmente, esse bombardeio no rádio e na televisão não tem colaborado muito para o esclarecimento. Nós estamos buscando em todas as instituições, inclusive aqui, hoje, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, o espaço para que esse debate possa servir para conscientizar as pessoas da importância do voto, e de um voto que realmente seja consciente e não aquele voto só porque a Angélica está pedindo lá no programa de televisão.

Quando apresentam dados estatísticos - e as pessoas do Sim virão aqui, e eu quero que vocês aproveitem para cobrar isso -, que não têm nenhum fundamento, nem mesmo na realidade, por exemplo, o Sim tem dito que 95% das mortes por arma de fogo acontecem entre parentes, amigos ou vizinhos. Mas que barbaridade o que estão dizendo! Será que as pessoas são bobas? Não, as pessoas percebem que quem faz uma afirmação dessas, no mínimo, não tem conhecimento nenhum sobre a questão de criminalidade no País. Noventa e cinco por cento das mortes por arma de fogo ocorrem entre parentes, amigos e vizinhos? Isso não é real! Abram os jornais e vocês verão: todos os crimes que saíram esta semana nos jornais de Porto Alegre foram praticados por armas ilegais, por bandidos que assaltaram e mataram, alguns estupraram e mataram, e outros praticaram crimes da mesma estirpe! Portanto, quem mata não é a arma, mas é quem puxa o gatilho. E a arma que mais tem o seu gatilho puxado para matar, é a arma ilegal que está na mão do bandido e não do cidadão que tem uma arma registrada em casa.

Eu li o Jô Soares abrindo o seu voto em favor do Não e percebi o quanto o Jô tem conteúdo, porque a gente vê algumas celebridades da televisão que parece que não vêem o próprio umbigo. A TV Globo deveria se questionar até que ponto a sua programação, de qualidade duvidosa, faz crescer a violência.

Ora, em plena época de discussão do Referendo, a Globo entra com a novela “Bang-bang”, que é uma apologia a armas, a duelos, uma apologia a resolver as questões com as próprias mãos.

Então, a Globo se joga de corpo e alma em uma campanha, colocando ali artistas que não têm conhecimento nenhum do que seja segurança pública, minha gente; artistas que têm no mínimo cinco ou seis seguranças e vão continuar tendo esses seguranças armados.

Aí, eu vejo o Jô Soares se declarar favoravelmente ao Não, dizendo que uma coisa é ter arma em casa, a outra coisa é usar essa arma. E ele entende que ninguém pode tirar o direito do cidadão de legalmente ter acesso a essa arma, mesmo que ela não sirva para ser usada.

Eu digo mais, arma é mais ou menos como remédio tarja preta, tem de ter um controle rigoroso, não pode cair nas mãos de pessoas despreparadas. Agora, nós não podemos proibir o remédio tarja preta, porque ele tem a sua utilidade, ele tem a sua necessidade. “Ah! Mais arma não dá segurança a ninguém”. Então por que um Delegado de Polícia, um Policial usa arma, se ela não dá segurança? “Ah! Mas o Policial está preparado”. Exatamente o cidadão de bem, se quiser ter uma arma, tem de estar qualificado para isso, fazendo cursos de manuseios e uma série de testes. “Ah! Mas se arma não dá segurança, por que tanta gente...” O próprio Presidente da República, o Presidente Lula, exercendo um direito que tinha, quando assumiu a Presidência da CUT, comprou uma arma. Uma arma registrada, porque entendia que tinha - e tinha realmente - o direito de ter mais segurança.

Hoje, não tem mais essa arma, porque tem a segurança oficial, é verdade! Talvez seja desnecessário. Mas exerceu o seu direito que agora pretendem tirar da grande maioria dos cidadãos.

Recebi, há pouco, do Ver. Raul Carrion, um livro sobre a Revolução Farroupilha.

Quero dizer a vocês que há um dado estatístico que mostra que o bandido procura vítimas indefesas. Não há um caso só registrado de um CTG que tenha sido assaltado por alguém com a arma em punho e que tenha dito: “Todo o mundo na parede que é isto um assalto!” Não! Quem o bandido assalta mais? Mulheres indefesas. Mulheres indefesas são as vítimas preferidas!

E se vencer, eventualmente, o Sim, o cidadão, seja homem ou mulher, vai ser visto pelo bandido como alguém completamente indefeso! Uma vítima fácil!

Os bandidos adoram essa política de desarmamento, porque torna a função deles muito mais segura!

Quanto à questão da mulher, já vou antecipar aqui uma referência, porque sei que a Dep. Maria do Rosário, com a qual debatemos hoje, quando vier aqui, vai apresentar dados sobre violência contra a mulher - mulheres que são, eventualmente, assassinadas pelo companheiro, pelo marido - e que a redução do número de armas de fogo vai reduzir isso.

Minha gente, somente 3% dos lares brasileiros têm arma de fogo. Isso significa que, de cada 100 casas, em Porto Alegre, 97 não têm arma de fogo.

Será que nessas 97 casas não há casos de violência contra a mulher? Claro que há, mas não é a arma de fogo o principal instrumento. Essa violência é praticada por maridos que deveriam estar na cadeia que usam de socos, pontapés, facas e qualquer outro instrumento para agredir a mulher. Então, não é a arma de fogo que representa o aumento da violência contra a mulher.

Sabemos, temos convicção que o efeito psicológico de uma eventual vitória do Sim traria resultados catastróficos no aumento da criminalidade.

O bandido que hoje pensa duas vezes para invadir um posto de gasolina, uma empresa, ou a fazenda de um cidadão no Interior, vai ter muito mais convicção para fazê-lo, sem ter qualquer dúvida, sem titubear.

Queremos concluir, Sr. Presidente, apenas deixando aqui registrado alguns absurdos que temos visto na televisão e que, felizmente, as pessoas estão começando a identificar como inverídicos.

Dados estatísticos: “Cem por cento das pessoas que reagem morrem”! Isso não é verdade! Sabem por quê? Porque só vão para a estatística os casos em que a vítima se dá mal. Um Juiz de Direito furou um pneu na BR, indo para a praia. Parou para trocar o pneu, sofreu uma tentativa de assalto, reagiu, atirou para cima, os bandidos fugiram. Ele não registrou esse fato. Isso não virou dado estatístico.

A afirmação de que a redução ou a proibição da arma vai reduzir suicídios...! Minha gente, então nós temos de proibir prédios altos, proibir a corda! Até o vento norte, em algumas regiões, tem de ser proibido! Então, esses são dados absurdos! Como é que se combate a criminalidade? Com investimentos sociais em educação, na geração de empregos, no combate ao trafico de armas, ao tráfico de drogas! O artista - o símbolo do Sim na campanha na televisão - Marcelo D2 faz músicas de apologia à droga! A droga que sustenta o tráfico e o tráfico que financia a criminalidade! Minha gente, é uma incoerência! Não faz muito tempo nós presenciamos uma manifestação no Rio contra a morte absurda do Tim Lopes, e presenciamos também coisas estranhas. Por quê? Quem matou o Tim Lopes foi a droga, e muitos daqueles que estavam ali na passeata, protestando, de vez em quando saíam para o lado para fumar um baseado. Continuavam alimentando o fluxo de dinheiro para o crime organizado.

Então, nós concluímos, Sr. Presidente, acreditando que o Não terá vitória esmagadora. No Rio Grande do Sul ele vai passar de 80%, tenho convicção; e, no Brasil, hoje já temos dados estatísticos afirmando que em São Paulo e no Rio é maior o número de indecisos do que de eleitores que já definiram o voto. Isso representa uma coisa: quem é do Sim o é desde pequenininho, dificilmente vai estar indeciso. A tendência é que esses indecisos estejam aguardando para entender o que representa o Não, porque se o Não representar dar uma arma para cada um, nem eu vou votar pelo Não. O Não representa, isto sim, dar o direito de o cidadão tentar adquirir a arma. Só que hoje para se adquirir uma arma é extremamente difícil, havendo uma série de exigências e um rigor muito grande.

Por isso eu concluo, deixando essa avaliação para que vocês nos ajudem a esclarecer as pessoas aí fora, lembrando que temos aqui também a presença de funcionários ligados ao Sindicato dos Metalúrgicos, que estão preocupados, e é justo que estejam; com 6.000 empregos diretos das empresas gaúchas que produzem arma de fogo, muitos vão questionar a indústria armamentista, e eu acho que, realmente, ela merece alguns questionamentos, mas não se justifica que, ao mesmo tempo em que se vota o Referendo do desarmamento, estejamos também votando, Sr. Presidente, a proibição do comércio de armas.

Ao mesmo tempo, a Veja anuncia que a Glock, uma empresa austríaca, esteja vindo para Campinas para abrir uma fábrica de pistolas, porque já tem um contrato com o Governo para municiar a Polícia Federal e todo o sistema de segurança no Brasil. Por que não adquirir armas nacionais? Por que buscar numa empresa estrangeira essas armas? Sem falarmos na acusação que corre pela Internet, que eu não sei se é verdadeira, mas está lá que o movimento Viva Rio, liderado pela direção da Globo, teria recebido 25 milhões do Sr. Jorge Soros, um dos comandantes e representantes mundiais da Schmidt West. Independente de tudo isso, eu concluo com a preocupação de que os eleitores votem de forma consciente, seja no Sim, seja no Não, mas com a convicção de que o Não representará a oportunidade e o direito de alguém, um dia, resolver adquirir uma arma e poder fazê-lo; e o Sim será o cerceamento de mais um direito.

Um Governo que nos diz quanto imposto se paga, quando se paga, agora quer dizer para vocês também como vocês podem se defender: com tudo, menos com arma.

Desculpe, Sr. Presidente, desculpe se eu avancei e feri opiniões divergentes da minha, mas o bonito da democracia é exatamente isto: podermos divergir. Obrigado, senhores. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Antes de darmos a palavra ao Ver. Ibsen Pinheiro e ao Ver. Aldacir Oliboni, eu só quero dizer o seguinte: foram dados 10 minutos, na forma do Regimento, ao Dep. Federal Enio Bacci, o tempo passou, e eu marquei - está ali marcado. Igual tempo, vejam, será concedido à Dep. Maria do Rosário, para exatamente cumprirmos aquele equilíbrio que nos recomenda a Justiça Eleitoral, e hoje tenho marcada, à tarde, uma audiência com o Sr. Presidente do Tribunal Regional Eleitoral.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI (Requerimento): Sr. Presidente, a gente sabe da importância que tem esse tema e do acordo feito pela Mesa, hoje, pela manhã, dando a possibilidade de pronunciamento aos dois lados, o Não e o Sim, e confirmamos a presença da Deputada Federal Maria do Rosário, na próxima segunda-feira.

Quero fazer dois pedidos: primeiro, cópia do discurso feito pelo Deputado e também que o mesmo tempo cedido ao nobre Deputado hoje, seja dado à nobre Deputada, na próxima segunda-feira.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Pois não, nós consultaremos o Vereador e lhe daremos a resposta.

 

O SR. IBSEN PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a Questão de Ordem que formulo a V. Exª tem por fundamento o art. 19 e suas alíneas “c” e “o”, que atribui a V. Exª a condução dos trabalhos, a decisão das questões no andamento das Sessões e, também, a decisão dos casos omissos, embora o caso concreto não me pareça ser um caso omisso. Desde que cheguei a esta Casa, voltando depois de quase 30 anos, percebi uma inovação muito saudável, que é o comparecimento que hoje se realiza, aqui, por exemplo, do Deputado Enio Bacci, a quem saúdo em nome de minha Bancada, provavelmente em nome de toda a Casa, embora sem mandato para isso. E uma das melhores inovações a que assisti foi o comparecimento de convidados em função de temas de alta relevância. Mas isso não exclui a circunstância de que a Casa Legislativa é uma Casa dos Partidos. Então, a Questão de Ordem que formulo a V. Exª é sobre a oportunidade que terão os Partidos agora, ainda que seja pelo tempo habitual de dois minutos, para se manifestarem em torno de um tema tão relevante que está apaixonando as opiniões de nosso País. É a Questão de Ordem que formulo a V. Exª, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): V. Exª propõe a Questão de Ordem. Nós tínhamos deliberado, na reunião da Mesa com as Lideranças, que se ouviria o palestrante, inclusive sem aquela saudação tradicional, em face das regras estabelecidas pela Justiça Eleitoral, no tocante à campanha do Sim e do Não. Então, nós tínhamos deliberado assim. Mas veja, Ver. Ibsen Pinheiro, se nós tivéssemos aqui, agora, condições de estabelecer, diríamos assim, aritmeticamente, o número daqueles que questionarão pelo Sim ou pelo Não, nós poderíamos fazer, porque aí nós teríamos estabelecido a igualdade. A dificuldade em que a Mesa fica é exatamente de haver manifestações que pendam para este lado ou para aquele lado. Se nós conseguirmos superar isso... Isso é uma orientação genérica que nos dá o Tribunal Eleitoral, porque mesmo as rádios - V. Exª é profissional e conhece -, podem fazer debates - estão fazendo -, e as televisões, desde que haja exatamente a igualdade: dois para lá, dois para cá. Trata-se de uma matéria tão importante, tão relevante que, se nós conseguirmos estabelecer aqueles dois minutos, desde que eles sejam, vamos dizer assim, equilibrados. Eu acho que consultaria o Plenário e deferiria a indagação de V. Exª Agora, nós precisamos acertar exatamente isso.

 

O SR. IBSEN PINHEIRO (Questão de Ordem): Não, Vereador, sem a intenção de dialogar com a Mesa, o que é vedado, mas tentando fundamentar a Questão de Ordem que formulei, eu registraria que é perfeitamente legítima a preocupação da Justiça Eleitoral relativamente aos órgãos de divulgação, que são submetidos ao controle administrativo da Justiça Eleitoral, especialmente rádio e televisão, que são serviços públicos concedidos. Naturalmente isso não se aplica àquela tribuna nem a esta aqui, porque aqui o critério da igualdade já foi decidido naquele primeiro domingo de outubro, quando o patrão de todos nós, que é o povo eleitor da Cidade, nos mandou para cá. Esta é a isonomia estabelecida. Aqui falamos e representamos com base no sentimento das pessoas que para cá nos mandaram. Reconheço também a dificuldade da Justiça Eleitoral. Percebe-se, por exemplo, a Rede Globo engajada, escancaradamente, na campanha do Sim, e o que é pior, não o fazendo de modo editorial, como faz a revista Veja, que deu a sua opinião, o que é legítimo. A Rede Globo o faz como se fosse matéria de noticiário, logo isenta, e, escancaradamente, a Justiça Eleitoral tem dificuldades de coibir essa conduta. Eu prefiro, Sr. Presidente, até mesmo o desequilíbrio à censura. E lembro, sem nenhuma saudade, o regime militar, quando subimos àquela tribuna, numa outra Casa, num outro prédio, mas à mesma tribuna, e ninguém nos dizia o que devíamos dizer. No regime militar, respondíamos, às vezes, com a prisão ou com a cassação, mas previamente nenhum limite se estabelecia ao que íamos dizer. Então, a ponderação que faço a V. Exª é de que não pode a Justiça Eleitoral, por nenhuma prerrogativa constitucional que tenha, interferir no funcionamento desta Casa legislativa, que deve ocorrer nos termos do seu Regimento, da legislação própria e da Constituição Federal. Com esta fundamentação, eu requeiro a V. Exª que atribua aos Partidos a oportunidade de se manifestarem e saudarem o nosso visitante, como faremos também quando tivermos visitantes para defender a campanha do Sim, com igualdade que se faz, não pela aritmética, mas pela política e pela representação.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu concordo com muitas das afirmações de V. Exª, mas eu precisaria estabelecer a isonomia nas manifestações, dado que a Justiça Eleitoral, evidentemente, não age sobre a produção, que é o pensamento, o discurso, a opinião do Vereador, mas age em cima da transmissão, que é a nossa TVCâmara, que leva à opinião pública, como age também contra as rádios e televisões, onde ela estabelece. E para nós foi estabelecida exatamente essa questão do equilíbrio. Então, eu fico em dificuldades, mas se nós conseguirmos aqui, dada a relevância da matéria - e assim procederemos na segunda-feira - estabelecer igualdade, o que me parece fácil, evidentemente que nós manifestaremos o pensamento do Plenário. Eu gostaria, neste sentido, de apelar, porque se não for assim, com muito pesar terei que indeferir - e não gostaria de fazê-lo -, mas quem sabe o entendimento permite que haja manifestações de ambos os lados. Será que é possível?

 

O SR. IBSEN PINHEIRO: Eu vejo uma dificuldade, Sr. Presidente. É intuitivo para mim que há Sim e Não em todas as Bancadas. Ou não é verdade? Pelo menos este é o sentimento que eu tenho.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Não.

 

O SR. IBSEN PINHEIRO: Há Bancadas unânimes?

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Há Bancadas unânimes.

 

O SR. IBSEN PINHEIRO: É surpreendente para mim numa questão de consciência.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O PDT é unânime; me parece que o PT é unânime; o PCdoB é unânime.

Eu acho que é uma questão tão relevante, tão importante... A população precisa ser informada, é o futuro deste País, etc. e tal, só que eu preciso estabelecer esse equilíbrio, e, se não puder estabelecê-lo, vou pedir vênia aos Srs. Vereadores e às Sras Vereadoras para não deferir a questão muito bem fundamentada pelo brilhantismo do Ver. Ibsen Pinheiro.

 

O SR. IBSEN PINHEIRO: Vereador-Presidente, me permita reiterar, respeitosamente, que V. Exª tem a competência de interpretar os casos omissos e determinar o registro das decisões para soluções de casos análogos futuros. Ao mesmo tempo em que reitero a Questão de Ordem, vou acolher a decisão que V. Exª haverá de proclamar para dela recorrer, se for indeferitória, e para festejá-la, se for, como eu espero, democrática com as diversidades desta Casa.

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Perfeito, sou grato a V. Exª Gostaria de insistir na isonomia de parte a parte. Se pudermos aqui estabelecer, independentemente de Bancadas... Parece-me que esta discussão ultrapassa os Partidos políticos; aqui, ocasionalmente se dá a unanimidade, mas em grande parte não se tem a unanimidade. Nós temos posições divergentes entre famílias, entre Partidos políticos; aqui na Casa há posições unânimes, mas se pudermos estabelecer o número, de lado a lado, este Vereador defere.

 

O SR. IBSEN PINHEIRO: Quem sabe ofereço uma alternativa a V. Exª, e o faço com pesar, mas entre silenciar Bancadas e desligar aquela maquininha (Aponta para a televisão.), a última hipótese é melhor, Sr. Presidente; é melhor até desligar a televisão para que todos falemos, embora o ideal fosse manter a normalidade do funcionamento.

 

O SR. RAUL CARRION: Sem entrar no mérito desta questão, gostaria de dizer que definimos na Mesa esse procedimento, depois de um longo debate, de uma hora, no qual, infelizmente, o Ver. Ibsen não pôde estar presente. Tiramos a orientação de que, quando há uma definição da Mesa e das Lideranças, não haja modificação em Plenário. Levamos as preocupações do Ver. Ibsen Pinheiro para segunda-feira que vem, e, se chegarmos a um entendimento nesse rumo que o Ver. Ibsen coloca, na próxima segunda-feira abriremos o debate e equacionaremos três para um lado, três para o outro, ou dois para um lado e dois para o outro. Eu acho que modificando, hoje, nós estaríamos desprezando uma reunião que a Mesa e as Lideranças fizeram, e um principio que nós determinamos aqui, no sentido de que nunca em Plenário modifiquemos uma decisão da Mesa e das Lideranças. Eu penso que a decisão tomada lá está tomada, deve ser seguida, e nenhum Vereador, por melhor que seja, por maior que seja, por mais votado que seja, teria o direito de alterar uma decisão do coletivo. É esta a opinião, em nome pessoal.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Na decisão que for adotada hoje, os critérios serão mantidos na segunda-feira sob qualquer preço.

 

O SR. IBSEN PINHEIRO: Eu gostaria de ponderar sobre o que disse o Ver. Carrion, pois compreendo que haja entendimentos da Mesa com as Lideranças, aos quais não tenho acesso; como sabem, sou um Vereador do baixo clero e então não tive acesso a esta decisão.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Não, não. Vênia para Vossa Excelência. V. Exª pontifica aqui.

 

O SR. IBSEN PINHEIRO: Mas devo proclamar que esse entendimento não se sobrepõe nem ao Regimento nem ao Plenário e nem a autoridade de Vossa Excelência. É um entendimento político, que se mantém enquanto convém, enquanto convém ao próprio entendimento. Mas neste Plenário, o desempenho do meu mandato não está subordinado à decisão da Mesa, senão em que todos estamos ao Regimento e, no fim, às regras constitucionais que nos regulam.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, eu queria lhe pedir desculpas, pois quando eu convidei o Deputado Enio Bacci, pensei que estava trabalhando em prol da democracia. E achava que poderíamos todos nos manifestar numa Casa política, que tem uma tribuna livre. Eu pensei isto! E já que não posso falar pela democracia, vamos falar pela cidadania. Espero que V. Exª deixe que eu registre o convite dos trabalhadores da loja Taurus, que vão estar reunidos no dia 11 de outubro - portanto, amanhã às 17h -, esclarecendo a população em frente à sua fábrica. E viva a democracia e a liberdade! (Palmas.)

 

O SR. IBSEN PINHEIRO: Sr. Presidente, se for indeferitória a decisão de V. Exª - eu não posso adivinhá-la, só posso supor -, eu gostaria de pedir neste momento, tempo para uma Comunicação de Líder em nome da Bancada do meu Partido.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu lamento indeferir, Ver. Ibsen Pinheiro, a menos que, conforme coloquei antes, pudéssemos aqui estabelecer a igualdade.

Portanto, indefiro e lhe concedo a palavra. O Ver. Ibsen Pinheiro está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. IBSEN PINHEIRO: Sr. Presidente, não pense que foi qualquer desfeita a V. Exª a insistência; foi a compreensão da dificuldade que tem V. Exª, especialmente num tempo em que se supõe que o igualitarismo é a regra democrática, quando não é, é a igualdade que se faz entre diversos.

Em nome do meu Partido, eu queria saudar o Deputado Enio Bacci, e dizer que apreciamos o seu gesto e o conteúdo da sua manifestação e pedir para acrescentar alguns poucos argumentos, mas eu gostaria de questionar, antes de tudo, o próprio plebiscito.

Veja, Sr. Presidente, nós votamos aqui, diariamente, muitas vezes, e sobre a nossa bancada existem três teclas: sim, não e abstenção. Quando somos a favor, nós votamos sim; quando somos contrários, votamos não. Agora, imaginem os Srs. Vereadores se o questionamento que V. Exª formulasse fosse assim: “Os Vereadores que são contra a aprovação desse projeto votem Sim”. É isso que está proposto. Quem fosse contrário ao projeto teria que votar Sim! Seria incompreensível!

Então a malícia se percebe na formulação de um plebiscito desnecessário, inútil e que só vai definir se o comércio de armas será legal ou ilegal, porque, se a simples edição de uma norma legal bastasse, não haveria drogas, não haveria o consumo disseminado de drogas de toda a espécie formalmente proibidas. E, além disso, um plebiscito se trata de iniciativa para resolver questões pontuais. Por exemplo, o aborto é uma boa tese para um plebiscito: Sim ou Não, e ponto final. Já a proibição da comercialização de armas indica uma primeira questão: mas como se proíbe a comercialização, e se permite a fabricação? Qual é o fundamento moral de uma premissa dessa natureza? Vamos produzir para vender para outrem aquilo que consideramos negativo para nós? Vamos adotar a moral dos cocaleiros, que plantam coca para exportar para os Estados Unidos, sabendo que é ruim? Ou, quem sabe, Sr. Presidente, nós não temos a certeza sobre o fumo. Será que ele é mau? E por que se produz tanto cigarro, tanto charuto? Pois então por que não se faz a mesma coisa com as armas? A produção é legal, a comercialização é legal, e o desarmamento é uma campanha moral, de convencimento das pessoas.

Eu, Sr. Presidente, sou a favor do desarmamento. Acho que todos devem andar desarmados, desde que queiram! Essa é uma decisão pessoal, como ir à missa é uma decisão pessoal. Não se deve interferir na lei, com o Estado na vontade do indivíduo, e essa é uma política de Governo. Espantosamente, é uma política de Governo! Basta escutar o Ministro da Justiça: é uma política oficial de Governo. É tão oficial, que é também política da Rede Globo! Espantosamente, a Rede Globo se move pelo interesse público nessa matéria. Onde está o interesse? Eu fico, Deputado, também tentado a acreditar que exista algum projeto que nós ainda não conhecemos. Fala-se até numa imensa empresa nacional de segurança pessoal, por meio de satélite, a altíssimos custos. Mas é boato, pelo menos enquanto não se encontra o resultado do plebiscito.

Mas por que, então, proibir a comercialização, quando a produção está absolutamente legalizada e a exportação também? Por isso talvez seja que a campanha do Sim baseia-se apenas em gestos emocionais. É claro que armas são algo que todos nós repelimos, porque todos nós temos uma formação pacífica e da convivência, mas precisamos também, racionalmente, perceber que até os pombos têm garras e se defendem. Basta ver, também, o quero-quero valente, nas nossas campinas. Como enfrenta, com suas parcas armas, os perigos mais avantajados!

Escuto também, Sr. Presidente, talvez por falta de argumentos, algumas estatísticas, por exemplo, dizendo espantosamente que a maioria das mortes dos jovens do sexo masculino entre 15 e 29 anos ocorre por causas violentas. Queriam o quê? Que fosse por esclerose senil? É claro que, entre os 15 e os 29 anos, só se morre por causas acidentais; às vezes, por uma doença brutal, que é também um acidente da juventude.

Sr. Presidente, leio na manchete do jornal O Globo que 39% das armas do crime têm procedência legal. E os outros 61%, supõe-se o quê? O que quiser, porque é uma soma artificial, de procedência desconhecida, que acaba militando a favor da tese da procedência legal, porque desconhecida. Está enganado o jornal O Globo. Não são 39%, nem 40%, nem 60%: 100% das armas têm procedência legal! É claro! São fabricadas em fábricas autorizadas no nosso País, ou em outros países. Essa é uma procedência legal! Mas quem se apropria delas, com grande facilidade, é o crime organizado, que tem a sua matriz no tráfico, que é a base tributária do imposto que ele cobra.

Então, Sr. Presidente, quando vemos uma campanha, supostamente do bem, pregando algo tão equivocado como a violação do direito sagrado à legítima defesa, eu fico com o nosso Código Penal, cuja Lei de Introdução é de 1941 - vejam só, vetusta Lei de Introdução. Dizia lá que está em legítima defesa quem reage, moderadamente e com os meios próprios, em defesa diante de ameaça grave, atual, ou iminente, a direito seu, ou de outrem. Como ter os meios próprios, se alguns deles serão banidos?

Por isso, Sr. Presidente, a posição do meu Partido é um vigoroso voto Não. Gostaríamos de dizer Não ao plebiscito, mas, como não podemos fazê-lo, vamos dizer Não à proposta ali formulada. Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Estamos encerrando essa parte da Sessão. Queremos cumprimentar o Deputado Federal Enio Bacci.

Na próxima segunda-feira, com as mesmas regras aqui estabelecidas, nós ouviremos manifestações a favor do Sim.

Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h38min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães – às 15h41min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Grande Expediente de hoje atende a uma solicitação do Ver. Nereu D’Avila para homenagear a Associação dos Servidores de Cargos de Nível Superior da Caixa Econômica Estadual do Rio Grande do Sul - Ascanc - pelo transcurso do seu 10º ano de fundação.

Convidamos a fazer parte da Mesa o Sr. José Francisco Tavares Staudt, Vice-Presidente; a Srª Anita de Lima Silveira, 2ª Secretária; e o Sr. Jorge Osmar Gomes de Almeida, 1º Tesoureiro, todos da Associação dos Servidores de Cargos de Nível Superior da Caixa Econômica Estadual do Rio Grande do Sul - Ascanc.

O Ver. Nereu D’Avila, proponente desta homenagem, está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Almerindo Filho.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) A importância dessa Associação é que ela ainda mantém a chama viva da nossa, infelizmente extinta, Caixa Econômica Estadual do Rio Grande do Sul; aliás, falando em Caixa Econômica Estadual, lembramo-nos também, por decorrência, de Leonel Brizola, que foi o seu fundador - que, como Governador, instituiu a Caixa Econômica Estadual.

Estamos comemorando; por isso pedi a presença dos representantes da Associação nesta Casa, porque eles, embora pela Lei nº 10.959 que extinguiu a Caixa Econômica Estadual e que criou o quadro especial vinculando os ex-funcionários da Caixa à Secretaria de Administração e Recursos Humanos em 1997, mantiveram a chama viva da Caixa por meio dessa Associação dos Servidores, que completou 10 anos de existência.

A carreira denominava-se Operador Administrativo III, e tinha como requisitos instrução de nível superior e um mínimo de dez anos de efetivo serviço na instituição. Equivocadamente, por uma Lei de 1990, quando foi criado o quadro de carreira da Caixa Econômica, esses funcionários de nível superior foram enquadrados como escriturários, cuja exigência de escolaridade era restrita ao 2º Grau. Então, em 1992, quando a edição da Lei nº 9.695, de 22 de julho de 1992, criou a categoria de servidores dessa Associação, Lei essa assinada pelo Governador Alceu Collares, ficou recriado, no quadro de carreira da Caixa Econômica, a carreira de operador administrativo de nível superior, com 437 cargos com as mesmas atribuições e características do antigo cargo de operador administrativo III.

E, em 19 de abril de 1995, foi criada a Associação, que agora comemora 10 anos, a Associação de Servidores de Cargos de Nível Superior da Caixa Estadual - Ascanc -, com a finalidade de congregar e representar essa categoria de servidores da Caixa Estadual beneficiados com a mencionada Lei de 1992. São em sua maioria advogados, contadores, economistas, administradores de empresas que hoje, após a lamentável extinção da Caixa, exercem suas atividades em diversos órgãos do Estado.

Então, esses funcionários que já honravam a Caixa Estadual e que, por um equívoco, foram rebaixados na sua categoria, depois, através de uma luta da qual participamos - eu, como Vereador, já naquela época, junto com o Deputado Carlos Araújo, da Assembléia, que era o Líder do PDT -, depois vimos o Governador Alceu Collares sancionar essa Lei fazendo justiça, porque se eram de nível superior, e após dez anos é que tinham seus direitos declarados, foi uma injustiça rebaixarem para nível de ensino médio. E a nossa luta - não só uma luta política, nesta Câmara, em 1991, 1992 - redundou em que o Governador Collares fizesse justiça através da Lei.

Em 1995, foi então criada a Associação, que agora completa dez anos. E esta Casa, numa homenagem não só aos ex-funcionários da Caixa, na sua ampla maioria - eu quero aqui estender a toda Caixa Estadual, através da Associação que representa os de nível superior, mas também aqueles que não o são -, quer homenageá-los, uma vez que foram, quando da extinção, redistribuídos para a Secretaria de Administração e pela sua obstinação de não se deixar apagar a flama da criação da Caixa Estadual, memória tão viva entre nós, gaúchos.

E não posso deixar de lembrar que foram dois ex-Governadores do nosso Partido, o PDT - Brizola criou a Caixa, que teve sua sustentação no período áureo de Brizola; e Collares, quando sensível àqueles reclamos da correção do quadro funcional, e fez justiça aos funcionários de nível superior, Collares sancionou a lei que os beneficiou. Como eu disse, que foi uma luta de dois anos em que nós tivemos o privilégio de participar: em 92, quando já éramos Vereador e, repito, a Bancada do PDT na Assembléia, liderada por Carlos Araújo.

É uma longa história e nós não podemos deixar fenecer, apagar aquilo que foi bom, que é bom, que resultou em coisas boas para o nosso povo, para a nossa gente, para o nosso Estado; e a Caixa foi um exemplo disso.

E, ao criarem a associação, em 95, fizeram jus a que se mantivessem unidos através dessa associação, que, embora - vejam bem, que coisa linda - a Caixa extinta, situação sensível para os funcionários, ou seja, perderam aquilo que exercitavam com tanto fervor - que era a sua função na Caixa Estadual -, não se deixaram abater.

E agora, quando dos dez anos, num jantar magnífico, ao qual tivemos a oportunidade de comparecer, homenagearam, inclusive, pessoas que ao longo desse tempo fizeram por merecer a homenagem. E nós, agora, completamos a homenagem trazendo aqui para o âmago do Poder que representa a cidade de Porto Alegre, pois quando fala um Vereador, uma Bancada, fala a cidade de Porto Alegre. Nós queremos dizer, então, que a Cidade, a Capital do Rio Grande - tenho certeza de que se todos os municípios pudessem se manifestar, eles se manifestariam da mesma maneira -, não se esqueceu nem da Caixa, nem de seus funcionários, nem dos seus fundadores e nem daqueles que, através da fundação de uma associação - que agora comemorou dez anos de tamanho esforço, tamanha dedicação, tamanha vontade de não se deixar apagar aquela flama, aquele fogo que foi o exercício durante a existência a Caixa Econômica por todos os seus funcionários, hoje muitos aposentados -, que mantém essa associação de cargos de nível superior.

Portanto, por esses dez anos, fica aqui a nossa homenagem, fica aqui o nosso louvor a todos os senhores e senhoras. O Presidente viajou, mas esteve aqui deixando o seu abraço, e nós ficamos contentes em podermos fazer esta homenagem.

Longa vida aos senhores! E peço que traduzam, depois, lá no âmago da associação, que a Câmara Municipal não se omitiu, porque a Câmara deve estar sempre junto, palpitante a tudo aquilo que faz parte e trepida no âmago da sociedade gaúcha. E essa Associação e a nossa Caixa são exemplo disso.

Parabéns! Felicidades e longa vida para essa Associação e para todos aqueles que honraram as tradições da nossa querida e, infelizmente extinta, Caixa Econômica Estadual do Rio Grande do Sul. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos convidar o Ver. Nereu D’Avila, proponente desta homenagem, a entregar o Diploma alusivo à data comemorativa do 10º aniversário de fundação da Associação dos Servidores de Cargos de Nível Superior da Caixa Econômica Estadual do Rio Grande do Sul.

 

(Procede-se à entrega do Diploma.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Agora, nós queremos oferecer a palavra à Associação homenageada, na pessoa do seu Vice-Presidente, Sr. José Francisco Tavares Staudt, que tem a tribuna à sua disposição.

 

O SR. JOSÉ FRANCISCO TAVARES STAUDT: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É com muito orgulho que nos manifestamos, em nome da Diretoria e dos Associados da Ascanc, para agradecer à Câmara Municipal e ao ilustre Ver. Nereu D’Avila, autor do Projeto, que homenageia a nossa Associação aqui nesta Casa, pelo transcurso do seu 10º aniversário.

Sentimo-nos, neste momento, profundamente agradecidos e extremamente honrados pelo gesto de apreço transmitido por esta Casa, que, por sua seriedade e competência, honra as tradições da política rio-grandense, sendo referência para as demais Casas Legislativas do Rio Grande e do Brasil. Esta homenagem, no entanto, não estaria acontecendo agora não fosse a origem de tudo, no ano de 1992, com o apoio recebido do então Dr. Carlos Araújo, Deputado Estadual; do Desembargador Carlos Teixeira Giorgis, Subchefe da Casa Civil, e, principalmente, do ilustre Ver. Nereu D’Avila, que viabilizaram a nossa reconquista funcional, e demonstraram que sem a união permanente dos nossos esforços, nada poderia ser realizado.

No decorrer desses 10 anos, a Entidade tem-se ocupado em congregar e defender os interesses de seus associados, principalmente após a inexplicável extinção da Caixa Econômica Estadual do Rio Grande do Sul. Desde então, temos passado por imensas dificuldades, exemplo disto é o que ocorre com a Lei nº 10.959, de 27 de maio de 1997, que extinguiu a Caixa Econômica Estadual, criou o quadro especial vinculado à Secretaria da Administração e Recursos Humanos, agrupando os quadros regulamentados pelas Leis nº 9.055, de 20 de fevereiro de 1990, e 9.695, de 22 de julho de 1992 - esta referente ao cargo que ocupamos. Pois essa Lei nos proporcionou três dissabores: o primeiro, por óbvio, foi a extinção da Caixa. O segundo, foi o de ter-nos excluído da Secretaria da Fazenda, de cuja estrutura a Caixa fazia parte. O terceiro, e mais incrível, é que a Lei não está sendo cumprida, principalmente quanto às nossas vantagens, o que se constituiu em fato inaceitável, pois tudo o que conquistamos ao longo da nossa vida funcional foi fruto do nosso trabalho e esforço, e não por favor dos governantes.

Mas, ao fim e ao cabo, quem sempre nos acolhe e caminha ao nosso lado é o Poder Legislativo, hoje representado pela Câmara Municipal de Porto Alegre, que agora lançou luz sobre nós e deu-nos visibilidade através desta homenagem, o que nos orgulha sobremaneira. À Câmara Municipal de Porto Alegre a nossa gratidão, esta é verdadeiramente a Casa do Povo. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós estamos encerrando esta homenagem, cumprimentando o proponente, Ver. Nereu D’Avila, por ter oportunizado este momento de história também da nossa Caixa Econômica Estadual. Saúdo também os presentes, ex-funcionários, diretores, enfim, da Caixa Econômica Estadual.

A Caixa Econômica Estadual - e, de resto, a Associação que decorre dela - foi inquestionavelmente uma Instituição que nós tivemos no Rio Grande do Sul, que muito contribuiu para o desenvolvimento do nosso Estado, foi um símbolo deste Estado criado pelo ex-Governador, grande Líder, Leonel Brizola. Então, a Caixa Econômica Estadual era um orgulho dos gaúchos, que teve um papel relevantíssimo.

E dizia aqui para os dirigentes da Associação que grande parte dos gaúchos foi cliente da Caixa Econômica Estadual, como eu fui também, ao longo do tempo, um cliente da Caixa. Então, era uma Instituição por que todos, pela maneira de ser, pela forma, por ser algo tão nosso, tinham um carinho especial.

Encerramos, cumprimentando aqui a Associação, esperando que continue, e haverá de continuar, trazendo viva a memória dessa grande Instituição econômico-financeira, que muito contribuiu para o desenvolvimento do nosso Estado e que está dentro da própria história do Rio Grande.

Reiteramos a nossa saudação pelo 10º aniversário da Associação dos Servidores de Cargos de Nível Superior da Caixa Econômica Estadual. Muito obrigado.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h01min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães – às 16h03min): Estão reabertos os trabalhos. O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, público que nos acompanha pelo Canal 16, quero focar hoje, nesta oportunidade, o tema que foi recentemente aprovado nesta Casa, que foi a criação da Comissão Especial para discutir políticas públicas para os PPDs - Pessoas Portadoras de Deficiências.

Nós, através da Comissão feita por esta Casa, já elaboramos um calendário de atividades, dentre as quais discutir-se-á uma série de reivindicações que serão implementadas no relatório, como também uma série de contribuições que serão dadas em nível Municipal, Estadual e Federal.

Lembro-me muito bem aqui que, no dia 26 de agosto, implementamos uma Audiência Pública para buscar, junto ao segmento dos PPDs, propostas para o novo Estatuto dos Portadores de Deficiência, que é de autoria do Senador Paulo Paim e que está para ser votado, este ano, no Congresso Nacional. Sabemos que este Estatuto procura reunir as mais de cem Leis existentes, muitas delas não-cumpridas - embora com a fiscalização do Poder Público - e com a investigação do conjunto da sociedade, dos segmentos, principalmente a Faders, e que, em tese, muitas delas não são cumpridas, como por exemplo, as empresas que, com mais de mil funcionários, deveriam empregar mais de 5% do seu quadro funcional com pessoas portadoras de deficiência e que, assim mesmo, não as cumpre. Então é importante que o Ministério Público também faça o seu papel nesta grande caminhada que tem esse segmento e que hoje, inclusive, está elaborando um Seminário na Assembléia Legislativa, a respeito da discussão de políticas públicas para os surdos. Nós sabemos que nesse segmento seja na deficiência mental, visual ou física, nós temos mais de 14% da população brasileira, e que somente em Porto Alegre mais de 110 mil pessoas são portadoras de alguma deficiência. Esta Comissão uma vez constituída aqui na Câmara, que tem como Relatora a nossa Vereadora Neuza Canabarro, e como Vice-Presidenta a Vereadora Manuela e este Vereador como Presidente, enfim, são oito Vereadores que participam, como as Vereadoras Mônica Leal, e Sofia Cavedon. Enfim, nós procuramos, através desta Comissão, encaminhar as propostas trazidas a esta Casa, e uma delas na semana passada foi de extrema importância: o segmento está reivindicando a criação do Conselho Municipal dos Portadores de Deficiência. E nós percebemos que o fórum anterior, que vinha discutindo e tentando implementar políticas públicas juntamente com os governos que por aqui passaram, estão ampliando essa questão e sugerindo, dentro da Comissão, a criação do Conselho Municipal. E nós percebemos que quando nós apresentamos, enquanto Comissão, uma minuta sobre o novo Conselho, surgiu uma infinidade de sugestões para poder, então, contemplar e formatar o novo Conselho. Nesse sentido, nós estamos abrindo uma Audiência específica, no dia 31 de outubro, para a qual estamos juntando todas as propostas aqui trazidas, para poder então constituir de fato o Conselho Municipal dos Portadores de Deficiência. Tivemos a manifestação aqui na Casa do Secretário Municipal de Acessibilidade e Inclusão Social, Tarcizio Cardoso, que já disse de antemão que este Conselho será constituído através de um Projeto de Lei vindo do Executivo, até porque nós, enquanto Comissão, não podemos encaminhar o Projeto, porque ele deve ser uma iniciativa do Executivo. E tenho certeza que a nossa Relatora, Vereadora Neuza Canabarro, que nos acompanha, tem não só elencado, como procurará levar para o Relatório todas as propostas aqui trazidas, mas, principalmente, atender a alguns segmentos fundamentais, como, por exemplo, constituir de fato as sinaleiras sonoras em Porto Alegre; constituir, de fato, a questão da acessibilidade, que não se faz apenas com o rebaixamento do cordão da calçada, mas, principalmente, com a acessibilidade nos prédios públicos, da saúde ao emprego, e, principalmente, a acessibilidade àquelas pessoas que mais precisam, que estão acamadas, que não tem o transporte social e precisam de medicação.

A nossa Comissão irá elencar inúmeras reivindicações, como, por exemplo, as já feitas pelo Instituto da Escola Mané Garrincha, que visitamos, e que solicitam um tradutor-intérprete em turno integral. As reivindicações trazidas, por exemplo, pela Instituição Santo Antonio dos Excepcionais, que elencaram o abandono das famílias com relação às crianças ali existentes. A falta de um compromisso público com a manutenção desses diversos segmentos que atuam com a questão da deficiência, porque as grandes instituições procuram manter-se com o próprio voluntariado, com as verbas dadas pelas pessoas que se sentem sensibilizadas e promovem atividades para a sua manutenção. Mas as pequenas ONGs, as pequenas entidades sociais, as associações, reclamam que o poder público não propõe, não propicia a acessibilidade, não oportuniza o transporte social, e, muitas vezes, a família não tem carro, não tem ônibus próximo, sentindo uma enorme dificuldade e, se não fosse a parceria, a solidariedade do vizinho, da sociedade, essas pessoas não teriam acesso a uma infinidade de questões que hoje são de extrema importância.

Nesse sentido, no dia 4 de novembro, estaremos fazendo o Relatório final desta Comissão, e implementaremos, com certeza, todas as reivindicações trazidas aqui por esses segmentos. Isso não é só iniciativa de Porto Alegre, de constituir uma Secretaria, um Conselho Municipal, mas já é de 17 Estados deste País, de quatro cidades do Rio Grande do Sul, e por que não Porto Alegre ser a quinta a constituir o Conselho Municipal dos Portadores de Deficiência?

É nesse sentido que queremos dar a total atenção, a fundamental importância, e dizer que todos os Vereadores que têm projetos nessa área poderão sugerir para que a Comissão possa pronunciar-se sobre o tema e encaminhar ao Poder Legislativo, ao Poder Executivo, como forma de iniciativa de lei.

Então, queremos não só nos congratular, mas também dizer que a Câmara Municipal de Porto Alegre está oportunizando para debater as questões dos PPDs.

Também lembrando que no dia 2 e 3 de dezembro a Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Acessibilidade, irá promover a Conferência Municipal dos Portadores de Deficiência, que era uma reivindicação desta Comissão enquanto constituída.

É nesse sentido que estamos lutando e procurando promover a inclusão social. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Newton Braga Rosa está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. NEWTON BRAGA ROSA: Meu caro Presidente, prezados Vereadores, eu entendo que a minha missão, nesta Câmara, é alertar sobre a importância das novas tecnologias como fator de geração de renda na cidade de Porto Alegre. O objetivo deste pronunciamento é alertar a Câmara a respeito da parte que lhe cabe na formação da Porto Alegre Capital Nacional da Tecnologia, que talvez fosse um belo objetivo para ser atingido ainda nesta Administração.

O próprio Programa Plurianual do Governo Fogaça fala em criação de ambiente favorável aos negócios como forma de atração de novos empreendimentos e criação de novas empresas, principalmente aquelas de alta tecnologia. O nosso alvo são os jovens talentosos, universitários e estudantes técnicos de 2º Grau em condições de enfrentar desafios de escala global.

Nos últimos três anos, Porto Alegre sofreu uma transformação importante, embora já estivesse no mapa internacional, dada a qualidade das suas universidades e centros de pesquisas, dois eventos ajudaram a consolidar essa posição. Um deles foi a criação do Tecnopuc. No lugar em que antigamente era um banhado de propriedade do Exército, hoje existem cerca de duas mil e 400 pessoas circulando com o crachá do Tecnopuc. São empregos que não existiam e, mais do que isso, são jovens talentosos desenvolvendo sistemas e software para empregas globais como a Dell, a HP, o Centro de Desenvolvimento Tecnológico do SONAE e inúmeras, dezenas de outras. Mas isso não é um fato isolado. Nós temos o Ceitec, que é a primeira fábrica de circuitos, de chips, microeletrônicos da América Latina. Esta Casa, este microfone, o sistema de som, as câmaras que nos filmam na TVCâmara, tudo isso tem dezenas, centenas de chips que não foram desenvolvidos no Brasil. O Brasil não fabrica isso, foram todos importados. Finalmente aparece a oportunidade para Porto Alegre possuir uma fábrica de classe internacional. Os equipamentos da Motorola já estão armazenados, prontos para serem instalados para tão logo as instalações físicas da fábrica, que será na Lomba do Pinheiro, próxima à UFRGS, esteja concluído.

A boa notícia é que independentemente do andamento da fábrica em si, dois centros de desenvolvimento de projetos de circuitos microeletrônicos já estão inaugurados: um na PUC e outro na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Uma outra notícia importante, que está hoje no Jornal do Comércio, é a intenção da Teicom, uma fábrica de capital local, fabricar telefones celulares aqui em Porto Alegre.

Precisamos anunciar essa vocação da Porto Alegre tecnológica, por isso eu faria dois apelos; primeiro: no Projeto de revitalização do Porto da Cidade, já foi discutido com as entidades do setor de tecnologia a necessidade e a oportunidade de termos lá um prédio para abrigar centros de pesquisa e desenvolvimento de empresas de tecnologia interessadas em sediar-se na nossa Cidade. Esse é um projeto emblemático, a existência de um prédio na beira do Guaíba dá as boas-vindas a quem nos visita e marca a presença da tecnologia em uma cidade que precisa achar a sua vocação. O segundo Projeto diz respeito à simplificação tributária. Há cerca de duas semanas esta Casa aprovou a Lei do Refis, e dentro do Projeto de Lei Complementar do Executivo n.º 5.014/05 havia um artigo 5º que estabelecia uma obrigação adicional que significa burocracia tributária.

Nós estamos onerando as empresas instaladas em Porto Alegre com procedimentos, com rotinas que não havia antes. A título de exemplo: qualquer empresa ou mesmo um condomínio comercial que contrate cerca de duzentos serviços, pequenos serviços, ao longo do mês, a partir da aprovação desse artigo 5º, é obrigado a gerar, para toda nota fiscal de serviços, que ele pague uma contranota fiscal, ou seja, ele não só paga as notas que recebe, mas tem que informar à Prefeitura a respeito desses pagamentos que foram efetuados. Embora as razões da Prefeitura sejam relevantes, que é facilitar o controle, existem vários aspectos que não puderam ser debatidos aqui dentro da Casa, dado ao regime de urgência, art. 81, que acabou acelerando o trâmite do Processo e a sua colocação em votação no Plenário. Agora que estamos na hora da regulamentação do artigo, que antes era 5º, agora virou 6º, depois da promulgação da Lei, é importante que nós estejamos atentos, junto com as entidades empresariais do nosso Estado, com a lucidez dos empresários que aqui estão, para que nós tenhamos uma regulamentação que não crie, como diz o Jornal do Comércio de hoje, um sufoco tributário. Nós precisamos simplificar, nós precisamos mostrar que Porto Alegre é uma cidade aberta, é uma cidade fácil de você criar o seu próprio negócio.

Fica aqui o apelo, em resumo, para essas duas iniciativas: o Projeto do prédio tecnológico no Cais do Porto, e atenção à regulamentação do art. 6º, da Lei do Refis, que dentro de si trata de uma matéria completamente diferente da intenção original, que era o parcelamento das dívidas com o Município. Muito obrigado, Sr. Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Maristela Maffei está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, o Vereador que ora fez parte desta tribuna estava profundamente inteirado das questões tecnológicas. Anuncio, Sr. Presidente, que na semana que vem estarei em Brasília, e lá estaremos discutindo junto com a Bancada gaúcha a verba suplementar da construção do Ceitec, até porque, Ver. Sebenelo, infelizmente não foi prevista a continuidade e, portanto, a Bancada gaúcha vai estar discutindo e assinando uma emenda, para que essa obra tão importante não apenas para a nossa Cidade, mas a quinta do mundo e a única da América Latina na industrialização de chips, tenha um papel fundamental, e nós sabemos o quanto isso é importante.

Mais dois motivos, Sr. Presidente, também estão fazendo nos movimentar muito rápido. Um motivo é a questão do Fundeb, que está deixando de lado a questão da inclusão de crianças de zero aos três anos e, com isso, as creches ficam fora, fica apenas a política da assistência e não a política da educação, e isso é muito grave. Por sinal, Sr. Presidente, estamos nos mobilizando na Lomba do Pinheiro, porque o Colégio Maria Chika, na Parada 16, está deixando de atender, para o próximo ano, 40 crianças na Educação Infantil, e isso deixa um ônus muito grande para toda aquela região, que já tem em torno de 100 crianças fora de qualquer assistência, e nós estamos fazendo uma grande mobilização. E mais, os colégios estaduais da região estão atrasados com a verba de manutenção, da estrutura dos colégios, telefones e vários outros aspectos.

Estamos nos mobilizando naquela região, para que se reponha isso e que a escola infantil não saia de lá. Nós continuamos com o serviço na Escola Maria Chika, com o atendimento da escola infantil que deixará de existir e que está-nos preocupando muito. Faço esse gancho, Vereador, porque amanhã, dia 11, foi aprovado, por este Plenário, será o Dia Municipal de Luta pela Creche, que nacionalmente é o dia 12, mas no dia 12 será feriado, e nós estamos fazendo uma articulação nacional, para que seja no dia 11, e a população que está trabalhando, Verª Neuza Canabarro, tenha visibilidade dessa luta, que é tão cara, quando a gente sabe que não basta cuidar, mas também tem que investir, desde o berço, da Educação, como é o tema da luta “Fundeb pra Valer! Direito à educação começa no berço e é para toda a vida.”

E, por último, Sr. Presidente, quero falar de outro movimento que nós estamos fazendo - e quero ressaltar o trabalho que o Ver. Aldacir Oliboni desempenha nessa área. Hoje estive na Assembléia Legislativa, representando inclusive esta Casa, no I Congresso Estadual no Dia do Surdo. A data nacional dos surdos é dia 26 de setembro, em homenagem à inauguração da primeira escola de surdos do Brasil, em 1857, o Instituto Nacional de Educação de Surdos, no Rio de Janeiro, que tem a sua linguagem própria, a Libras.

Nós estamos com um problema sério, porque querem terminar com as escolas específicas para surdos, Verª Neuza Canabarro. Isso é muito grave, Verª Sofia Cavedon - queremos trazê-la também para essa luta -, porque o surdo não pode ser incluído nas escolas constituídas, quando já existe toda uma política, uma metodologia estabelecida em todo o País.

Fiquei muito surpresa com o número de portadores dessa necessidade especial; o auditório Dante Barone estava lotado; estava presente a Escola Frei Pacífico, com a qual eu tenho uma relação muito profunda por causa dos franciscanos. Ficamos impressionados com a organização, e estamos sensibilizando o Governo Federal e o Ministério da Educação - também estava lá o Secretário Fortunati, bem como a Prefeitura Municipal - para que isso não aconteça, pelo não-fim das escolas específicas para surdos, que é um direito já assegurado, e seria um grande retrocesso. Como há muitas crianças, queremos também debater com a Frente Parlamentar desta Casa, para que sejamos parceiros na solução deste problema. Muito obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. NEREU D’AVILA (Requerimento): Sr. Presidente, solicito verificação de quórum.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Solicito abertura do painel eletrônico, para verificação de quórum. (Pausa.) Dezesseis Vereadores presentes. Há quórum.

 

O SR. RAUL CARRION (Requerimento): Exmo. Ver. Elói Guimarães, quero solicitar um minuto de silêncio para o ex-Vereador Eloy Martins, falecido neste sábado, aos 93 anos de idade, ex-dirigente nacional e estadual do Partido Comunista do Brasil, primeiro Vereador negro, primeiro Vereador operário, primeiro Vereador Comunista nesta Casa, um dos fundadores do Sindicato dos Metalúrgicos. Quando esteve aqui no mandato, foi mais de 10 vezes preso pela sua defesa intransigente dos trabalhadores.

Em segundo lugar, quero propor uma homenagem também à Srª Vera Goulart, falecida também no sábado, aos 49 anos de idade, que foi diretora do Sindicato dos Comerciários de Pelotas e Região, da Federação dos Comerciários, da Confederação Nacional dos Comerciários, da CUT-Estadual, fundadora da UBM e dirigente do Partido Comunista do Brasil desde 1983.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Conforme Requerimento do Ver. Raul Carrion, faremos um minuto de silêncio.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Queremos apregoar a representação da Verª Maria Celeste, de 09 a 12 do corrente, conforme Processo devidamente instruído e dentro dos parâmetros estabelecidos nas cotas. A Vereadora participará de Encontro Feminista da América Latina e Caribe, na cidade de Serra Negra, Estado de São Paulo.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, senhoras e senhores, a impressão que todos nós temos como cidadãos, é de que estamos sendo muito mal-administrados. Existe um desgoverno capaz de fazer com que todos nós estejamos temerosos com relação ao futuro do País.

Enquanto nós temos problemas com a saúde, com a educação e com tantos outros setores, o Presidente da República propõe uma legislação e um Referendo que acaba consumindo recursos nacionais, que poderiam estar sendo empregados em outras áreas extremamente deficitárias. Quase 300 milhões de reais estão sendo gastos pelo País, para que este Referendo possa ser efetuado, ser realizado no dia 23; quase 300 milhões de reais! Enquanto isso, falta dinheiro praticamente para tudo! E nós ficamos à espera de algum tipo de solução que nos indique um norte para que nós, sociedade, possamos dizer que, realmente, ainda temos motivo para lutar ao lado dos nossos governantes, a fim de que possamos chegar a algum lugar de dignidade. Mas o que temos vislumbrado hoje em termos de administração pública é praticamente um caos absoluto. É uma inépcia e uma inércia completas, que nos dão uma desesperança praticamente total.

 

O Sr. Carlos Todeschini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado. Vou ser muito breve, só para corroborar com o seu pronunciamento. Essa decisão é uma decisão do Congresso Nacional e a fixação da data, quanto ao Plebiscito, também é de responsabilidade, de autoridade do Congresso Nacional. É só para ajudá-lo e contribuir com o debate.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu agradeço muito a V. Exª e apenas vou lembrá-lo de que essa política que está sendo engendrada com relação ao Plebiscito ela nasce, ela é oriunda no Planalto. É claro que ela é votada no Congresso Nacional, mas ela nasce no Planalto. Se o Planalto negasse e se discutisse de uma outra forma, de uma outra maneira, orientasse o Congresso Nacional de uma outra forma, é claro que nós não estaríamos nesse brete.

Ver. Haroldo, pergunto a V. Exª e pergunto a todos os cidadãos: o que é que vai modificar em nossa sociedade, se ganhar o Sim ou se ganhar o Não? O que vamos ser melhores ou piores depois do dia 23 deste mês, quando estaremos sendo submetidos a esse Referendo? Absolutamente nada! Não vamos ser melhores e nem piores. Só que irá acontecer uma coisa: nós vamos ter apanhado 300 milhões de reais e colocado num referendo que não vai significar nada para nenhum de nós e, ao mesmo tempo, vai retirar recursos de áreas que estão sendo tremendamente mal-administradas e mal dotadas de recursos, como o caso da Educação, caso dessa política apenas demagógica que foi feita num determinado momento pelo Presidente Lula com o Programa Fome Zero; o País passa fome. As pessoas deste País passam fome, infelizmente, e o que é feito? Simplesmente uma distribuição demagógica de alimentos para algumas pessoas - algumas -, porque não se pode distribuir para todo mundo, enquanto aquilo que o Presidente deveria estar fazendo, que é formular uma política capaz de devolver dignidade para essas famílias, fazendo com que elas pudessem, por meio dos seus membros, estar sendo preparadas através de cursos de qualificação, por intermédio de melhores escolas, por intermédio de mais empregos. Nada disso é feito, apenas, de vez em quando, também de forma demagógica, escuto alguém do Governo dizer que nós temos mais emprego, que o desemprego está diminuindo. Só que nós andamos pela Cidade, nós conversamos com as pessoas e o que nós vemos é que, realmente, nada disso está acontecendo. O desemprego, infelizmente para todos nós, está aumentando.

O que poderia aumentar o número de empregos? Seria, na verdade, o crescimento das empresas, seria o aparecimento de mais empresas. E, pelo menos, aqui na nossa Região, nós não vemos absolutamente nada disso acontecer. Então, é lamentável que nós tenhamos um Governo, já praticamente partindo para o seu ocaso e nada fazendo para que nós, realmente, possamos voltar a uma época em que nós tínhamos muito orgulho do nosso Governo e de sermos brasileiros. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Sr. Maurício Dziedricki está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. MAURÍCIO DZIEDRICKI: Exmo. Sr. Presidente, Vereador, companheiro Elói Guimarães; Sras Vereadoras; Srs. Vereadores; público que nos assiste aqui e nos dá o prestígio nas galerias, e pela TVCâmara, eu quero iniciar esta minha fala tratando de uma polêmica que agrava ainda mais a participação democrática nos domingos no Brique da Redenção.

Eu tenho aqui na minha mão cópia de matéria do jornal Zero Hora de hoje, segunda-feira, que narra a preocupação de algumas entidades, principalmente aquelas que atendem no Brique da Redenção com o artesanato, com a peculiaridade da nossa cultura, com a ocupação do Parque da Redenção, em especial nas imediações do Brique, sobre os camelôs, com camelódromos, vendendo DVD, CD, bonés, produtos falsificados, ocupando um espaço de lazer da comunidade de Porto Alegre.

Ao mesmo tempo, conversava há pouco com o Ver. Ervino Besson sobre as dificuldades que nós, Vereadores, temos para nos projetarmos junto à comunidade de Porto Alegre e realizar, no mesmo Brique da Redenção ocupado pelos camelôs, um ato público de esclarecimento, no dia 16 de outubro, no domingo que antecederá o Referendo pela proibição ou não do comércio de armas.

Eu registro publicamente a minha preocupação: de que forma combateremos e de que forma nos portaremos à frente desses que lá estão não por opção, mas por obrigação de trazer frutos, para fazer do seu trabalho um trabalho que possa, reconhecidamente, trazer comodidade para sua família?

A Prefeitura de Porto Alegre, em especial a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, tem de ter uma atenção ainda maior, porque, cada vez mais, nos veremos furtados dos espaços de lazer por esses que buscam alternativas de empregos, alternativas de ocupação trabalhista, fazendo com que as oportunidades surjam em meio aos nossos direitos, à extensão dos nossos direitos.

Eu quero registrar isso, aqui, porque eu acho esse assunto de suma importância - e eu não sou contra os camelôs. Eu acredito que nós devemos, antes de proibi-los de fazer qualquer manifestação, dar oportunidade de trabalho a eles. No entanto, existem espaços que, prioritariamente, devem atender ao lazer e àquilo que lá está disposto, como é o caso do Parque da Redenção.

O Brique da Redenção tem uma história junto à comunidade de Porto Alegre, no sentido de projetar elementos culturais, elementos artísticos, peculiares da nossa tradição, bem como aqueles que nós, ao longo do tempo, acabamos assumindo como nossa integração do domingo matinal.

Esses camelôs, nesse espaço, trazem-me preocupação, assim como me trazem preocupação os camelôs da Rua José Montaury, da Praça XV, no Centro de Porto Alegre.

Já dizia o Professor Adilson Abreu Dallari, Professor de Direito Administrativo da PUC de São Paulo, que nós não podemos tratar desse tema isoladamente, excluindo os camelôs de terem acesso a oportunidades de emprego. Nós devemos, antes de tudo, tratar de políticas de inclusão social, tratar de reconhecer aqueles que lá buscam uma alternativa de trabalho.

Para tanto, eu quero registrar aos nobres Pares que nós devemos ter, cada vez mais, a discussão de políticas de inclusão social para os camelôs, nós devemos ter fiscalização por parte da SMIC e nós devemos assegurar ao porto-alegrense o domingo de manhã como um domingo de recreação no Brique da Redenção, sem estar em conflito com esses camelôs que levam DVDs, CDs piratas, e desses, sim, sou contra. Esse tipo de produto é pirataria, e pirataria não deve ter espaço em Porto Alegre.

Mas a discussão que proponho aqui, Sr. Presidente, com o Ver. Ervino Besson, é justamente essa: nós encontramos inúmeros obstáculos nos dificultando a realização desse ato público no dia 16 de outubro. Com a anuência do Presidente, que já colocou que, sendo ato público, tem o aval da Câmara, mas, ao mesmo tempo, nós não temos condição de ter um equipamento de som. Nós não temos condição de colocar uma barraca, porque há proibição explícita para isso, quando, nas campanhas eleitorais, nós vemos absurdos acontecendo nas ruas, nas imediações da Redenção.

E eu pergunto: a quem interessa isso? Não devemos nos estruturar e mostrar a efetividade do poder do Paço Municipal, da Câmara Municipal frente a nossa comunidade? Eu acho que é obrigação nossa e registro isso com tranqüilidade, porque vou continuar insistentemente buscando caminhos para que, no dia 16 de outubro, nós tenhamos esse ato público com a frente de legítima defesa, com a frente que apóia o desarmamento, com a Justiça Eleitoral e com os nossos Pares, Ver. Besson, para que tenhamos lá explicitamente o compromisso de mostrar a Porto Alegre, primeiro, o valor desse Referendo; segundo, a quem interessa o desarmamento, ou de que forma se conduzirá a discussão; e, terceiro, criando mais do que nunca uma integração da Câmara Municipal, que deve tratar daqueles assuntos verdadeiramente de interesse de Porto Alegre - e este é um deles -, frente a sua comunidade, justificando: nós estamos aqui trabalhando.

Mas me solidarizo com todos aqueles que também, por muitas vezes, pretendem mostrar, construir demonstrações públicas de democracia e que enfrentam inúmeras barreiras.

E através desta Câmara, amanhã, na Comissão de Direitos Humanos, Direito do Consumidor e Segurança Urbana, com certeza, será a primeira pauta de discussão, levando ao Prefeito Fogaça um pedido encarecido: que nós tenhamos o apoio do Executivo, para que lá possamos dividir, junto à comunidade de Porto Alegre, essa discussão tão premente com relação ao Referendo. E que essa seja mais uma das demonstrações de que essas cicatrizes que hoje nos açoitam servem de lembrança para aqueles tempos em que nós não encontramos respaldo frente à comunidade, frente aos poderes públicos, frente à sociedade civil organizada, e que aqueles mais atentos, que têm as mesmas cicatrizes, possam estar contribuindo conosco, porque vale a pena lutar.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Neuza Canabarro está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. NEUZA CANABARRO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, nobres Vereadoras e Vereadores, senhoras e senhores que nos acompanham, eu diria que hoje é um dia extremamente feliz para nós da área da Educação, que trabalhamos e lutamos - e aqui eu chamo a atenção da Verª Sofia Cavedon - em prol daqueles que têm necessidades especiais, porque iniciamos exatamente a segunda-feira com um debate na TVCâmara que passará amanhã, e nesse debate discutimos o trabalho da Comissão Especial presidida pelo Ver. Aldacir Oliboni, que tem a Verª Manuela d'Ávila como Vice-Presidente e eu como Relatora. Estavam presentes o Ver. Oliboni, a Verª Sofia Cavedon, o Ver. Márcio Bins Ely e esta Vereadora. Nesse debate explanamos para a comunidade o que está sendo feito: neste ano de 2005 o Governo Municipal está tendo uma atenção especial, e o Legislativo também, porque aqui aprovamos o cadastro permanente da pessoa portadora de necessidades especiais, e esse foi sancionado pelo Prefeito. Isso quer dizer que vamos ter um setor na área da Educação que vai cadastrar sistematicamente aqueles que têm essas necessidades. Nós conseguimos instalar uma Comissão Especial que está fazendo um levantamento das reais dificuldades e necessidades dos portadores de deficiências e também da acessibilidade. Ao mesmo tempo, no Executivo, estamos com uma Secretaria criada há dois meses e meio, a Secretaria de Acessibilidade.

Por determinação do Prefeito, por meio de Ordem de Serviço, essa Secretaria está fazendo um levantamento dos prédios públicos e das suas reais condições de acessibilidade. E nós estamos em audiências públicas - já realizamos cinco - ouvindo as comunidades para ver aquilo que se tem necessidade para que, no dia 4 de novembro, se possa apresentar um relatório em que nós mostraremos políticas públicas viáveis e necessárias para Porto Alegre a curto, médio e longo prazo.

Por essa razão, eu diria que é muito importante que nós centremos a nossa atenção nos portadores de necessidade especiais, cadeirantes, surdos-mudos, cegos, e gostaria de lembrar que aqui nesta Casa, desde 1998, existe aprovada uma Lei que exige do Executivo a colocação do sonorizador nas sinaleiras. No entanto, apenas três sinaleiras de Porto Alegre mantém o sinalizador. Nós já estamos com um Pedido de Providências para que isso seja intensificado, estamos com uma reivindicação para que no Orçamento apareça o número de sinaleiras que terão o sonorizador.

Ao mesmo tempo, nas visitas realizadas, vimos as dificuldades das escolas em terem o professor de Libras, a linguagem dos sinais para os surdos-mudos. Aqui no CIEP Mané Garrincha, 40 alunos surdos-mudos estão com dificuldades de professor. Fizemos uma indicação por meio da Comissão ao Sr. Governador, pedindo que providencie, de imediato, um professor especializado. Por essa razão digo que é de suma importância que a Câmara de Vereadores se volte àqueles que mais necessidade têm e que são os menos assistidos. Até porque, Ver. Mario Fraga, nós sabemos que ter um filho normal não é fácil; a gente passa por muitas dificuldades; agora, ter um filho deficiente é muito, muito mais difícil, até pelo casal, pois, na maioria das vezes, o casal não se mantém junto. Apenas 11% dos casais com filho deficiente têm esse laço reforçado e se mantêm junto. Na maioria das vezes a mulher é que fica responsável, e apenas 2% dos homens assumem a liderança e o encargo de manter esse filho com todas as dificuldades.

Por isso a nossa reivindicação de que se tenha enorme atenção, principalmente quando nós formos apreciar aqui o nosso Orçamento para o próximo ano. Muito obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Sebastião Melo.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Vereadoras e Vereadores, não podemos deixar de nos posicionar a respeito do referendo do desarmamento, recomendando que se vote pelo Não, principalmente para aquelas pessoas humildes que vivem em casebres e favelas deste Brasil, parte de norte e nordeste, que estão sendo enganadas por verdadeiros atores - atores, na acepção da palavra.

Os artistas da Rede Globo de Televisão que foram para a telinha, a pedido do chefe da Vênus Platinada, estão simplesmente interpretando. Talvez nem pensem aquilo, mas interpretam com naturalidade, pois a vida deles é exatamente viver interpretando personagens. É fácil para eles.

Mas não é fácil fazer a população que vive nesses casebres entender, os moradores de pouco acesso às informações, de parte do norte e do nordeste, pessoas simples, humildes, que a mensagem da Fernanda Montenegro é de mentirinha, é apenas uma interpretação. Não é fácil.

Eu discuti asperamente com um cidadão, um dia desses, porque eu disse a ele que a Fernanda Montenegro estava só interpretando. O cara se queimou em defesa da Fernanda. Foi um sacrifício convencê-lo que a ordem dos fatores não era bem assim, que nossos atores estão apenas vivendo ao natural suas profissões. É nisso que eles se apegam, vivendo a profissão para terem coragem e forças para fazer uma coisa dessas que eles estão fazendo.

Hitler, Mussolini e quantos mais já usaram desse artifício para governar um país, um povo e um mundo? Quantos mais?

E enquanto vamos pensando no caso para confirmar o que pensamos, vão chegando argumentos que reforçam o nosso medo, senão vejamos: a verdade demora, mas parece, e uma parte dela está aparecendo. Por muito tempo todos nós, brasileiros, perguntamos: por que a Rede Globo vem apoiando, insistentemente, a proibição do comércio legal de armas no Brasil? Um ex-funcionário da Rede Globo revelou que essa empresa se prepara para, em parceria com a Glock - fabricante austríaca de pistolas semi-automáticas -, instalar no Brasil a maior empresa de segurança privada no País! Já estaria tudo preparado para a instalação da Glock, em Campinas, São Paulo. A Glock é a maior rival da fábrica gaúcha de armas de fogo: a nossa Forjas Taurus. Isso é curioso! Uma fábrica estrangeira de armas de fogo instalando-se, no Brasil, em plena campanha do desarmamento! Isso é sério! Tem que se pensar nisso! Esta é a estratégia da famigerada Rede Globo: criar insegurança para vender, depois, segurança privada para todos nós?! O povo brasileiro terá de contratar seguranças particulares, pois, como todos nós sabemos, a Segurança Pública está falida! E isso, então, encheria mais os cofres financeiros da Rede Globo?! Oh, gente, isso é um negócio sério que a gente precisa pensar, e muito! Ou teremos um referendo, também, para fechar as fábricas de automóveis, no País? Porque o automóvel também mata!

E, para encerrar: Genival tem 64 anos e é mais conhecido por “seu Vavá”. Ele mora numa cidade do interior de São Paulo e tem um escritório no 3º andar de um prédio comercial no ABC Paulista.

O serviço do seu Vavá é intermediar negócios de empresários junto a Prefeituras, empresas estatais, órgãos do Governo Federal, contando para esse trabalho com mais três funcionários, quatro computadores e três linhas telefônicas fixas.

Esse homem, o seu Genival, de 64 anos de idade, merece um busto na Praça dos Três Poderes por trabalhar de graça para o seu País! Só porque ele é irmão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele trabalha, de graça, como intermediário do Governo e dos empresários?! Paga do bolso dele os três funcionários e faz uma “vaquinha” com os seus amigos, em São Bernardo do Campo, para pagar a luz e a água desses escritórios?! Grande seu Vavá, hein?! Isso, sim, é que é ser brasileiro!

Em tempo: o Lula disse também que não sabia que o seu irmão é tão patriota assim. Mas de que mesmo sabe o Lula, hein?

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo da Verª Sofia Cavedon.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, assistência do Canal 16 e público presente, especialmente os representantes do Fórum das Entidades do Municipários em luta pela manutenção dos seus direitos, saúdo a todos. Sejam muito bem-vindos aqui, contem com a nossa Bancada. Mas o que me traz a este debate de hoje é a preocupação muito grande com a infra-estrutura da Cidade e a sua degradação, o descaso, o descuido e o despreparo do atual Governo para cuidar da nossa Cidade.

São visíveis os aspectos da falta de limpeza; é sentida no trânsito, na pista de rolamento, a degradação do asfalto, onde várias ruas importantes estão com a pavimentação totalmente degradada. E posso citar inúmeros casos além dos buracos que são abertos pela chuva, pelo tempo: é a falta daquela política do fresamento e do cuidado para com a pista de rolamento, e isso traz graves danos para os veículos e aumenta os riscos de acidente, de atropelamentos, ou de choques ou de batidas, enfim, porque o pavimento de toda a Cidade está completamente abandonado e está em péssimas condições. Todos os senhores circulam pela Cidade e não podem negar isto. Experimentem passar na Av. Oscar Pereira, ali, antes da Perimetral, na Av. Niterói, se não estou enganado; ali quem vai fazer o acesso para a Av. Castelo Branco, quem vem do Aeroporto pela Rua Dona Margarida. Enfim, em toda a Cidade, Ver. Luiz Braz, o pavimento está em péssimas condições, porque uma política de conservação e manutenção que havia foi totalmente abandonada e destruída.

Mas eu quero dar uma ênfase, aqui, àquelas pessoas que foram flageladas pelo alagamento, pelas chuvas de sexta-feira. É verdade que choveu muito, mas também eu nunca tinha visto tantas pessoas sofrendo com alagamento e com invasão das águas.

Estive na Vila Farrapos, no sábado à tarde; eram 16h, e inúmeras pessoas ainda estavam flageladas, porque a Casa de Bombas nº 5 está com uma bomba fora de operação e só se podia operar uma bomba por vez; então, de duas bombas, tinha uma e, quem tem uma, às vezes não tem nenhuma. E a água invadindo as casas. Houve um período em que isso perdurou por 24 horas, quando as pessoas perderam os pertences, ficaram sujeitas à contaminação da água com esgoto, e ficaram completamente abandonadas pela inexperiência, ineficácia e despreparo deste Governo Municipal que coordena a Cidade.

Isto é muito lamentável, Ver. Adeli, porque fui Chefe de Gabinete, Vice-Diretor e Diretor do DEP; e nós cuidávamos daquelas casas de bombas, elas tinham prioridade de atendimento, porque lá é o ponto mais frágil da Cidade. No entanto, o despreparo levou a atual Direção do DEP a consertar a Casa de Bombas nº 1, que não tem operação para drenagem e nem para combater alagamentos; essa Casa de Bombas nº 1 é para proteger a Cidade contra as cheias, e é por isso que há muito tempo ela não opera: porque nós não temos uma grande enchente que coloque em risco o conjunto da Cidade com o transbordamento do rio.

Da mesma forma a Casa nº 2, que é aquela onde havia os antigos papeleiros. Agora, as Casas de Bombas nºs 5, 4, 6 e a Casa de Bombas Sílvio Brum necessitam, sim, de permanente cuidado e do melhor cuidado, senão o povo fica embaixo d’água, perdendo tudo o que tem, especialmente o povo pobre. Aquelas pessoas, mesmo da Vila Tecnológica, da construção do Programa Integrado Entrada da Cidade - PIEC, foram atingidas pelos alagamentos, porque o sistema de proteção contra as cheias e o sistema que controla os alagamentos estavam funcionando com precariedade.

Então, faço esta manifestação aqui para fazer um alerta no sentido de que a degradação da Cidade é intensa pela falta de limpeza, pelos pavimentos, e agora também com os alagamentos. E o povo não agüenta mais esperar, porque já se passaram dez meses e praticamente nada aconteceu; ao contrário, tudo piorou, e muito. Providências, Sr. Prefeito! O povo espera.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e também pelo Canal 16 da TVCâmara, eu queria saudar a todos. Ver. Todeschini, há problemas nas nossas ruas? Concordo em parte com Vossa Excelência. Só que em 2002, para que o nosso povo saiba - também já fiz um pronunciamento nesta tribuna sobre o assunto no ano passado -, no final do Governo Olívio Dutra ele negociou com atual Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, estadualizando milhares de quilômetros de vias federais, e usou esse dinheiro, meu caro Vereador, para pagar o 13º salário do funcionalismo. Não que os funcionários públicos não tivessem direito, claro que têm, pois o ordenado, o vencimento dos profissionais é a coisa mais sagrada. Só que, vejam V. Exas, o dinheiro que o Governo Federal enviou para a recuperação das nossas vias, das nossas BRs, das nossas RSs - por ali escoam as economias da produção do nosso Rio Grande do Sul – isso não aconteceu; está aqui! (Mostra jornal.)

O jornal Zero Hora de sábado, dia 8 de outubro, tem uma ampla reportagem na pág. 6: o Presidente “puxando as orelhas” do Olívio Dutra que talvez seja uma das pessoas mais chegadas, pela amizade, pela história, ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Está aqui a reportagem: o Presidente “puxando as orelhas” do Governador.

Então, vejam V. Exas, meus caros Vereadores, eu tenho nesta tribuna que Governo competente trabalha em cima do Orçamento. Governo que tem competência tem de saber trabalhar em cima, também, da escassez de recursos, o que não aconteceu com o Governador daquele período, Olívio Dutra, que usou os recursos que tinham uma finalidade para outros fins. E deixou aqui as nossas RSs e BRs, enfim, que tinham recursos, sem a mínima conservação; estão aí os caminhoneiros. Enfim, a riqueza do nosso Estado e do nosso País necessita, tem que ser transportada, e V. Exas acompanham dia a dia, na televisão, o que acontece: as nossas vias extremamente liquidadas, e o sofrimento desse povo, dos caminhoneiros, enfim, dessas empresas que transportam a nossa riqueza.

Agora, há mais uma matéria aqui na pág. 6, e, esta sim nos entristece; que me perdoe o nosso Presidente, porque há gente boa no PT, como em todos os Partidos tem os bons e os ruins, mas eu duvido que algum petista defenda o que o Presidente colocou nesta matéria. Duvido! Duvido que venham nesta tribuna e defendam o nosso Presidente nesta matéria da pág. 6. O que diz? (Lê.): “Na primeira reunião em dois anos com a Bancada do PT na Câmara, o Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, saiu em defesa dos sete Deputados da sigla ameaçados de cassação. Em encontro, ontem, no Palácio do Planalto com 67 dos 83 Parlamentares, Lula afirmou que não os considera corruptos. Não considera corruptos e nem portadores de doenças contagiosas os companheiros envolvidos no escândalo do ‘mensalão’”. Ora, pelo amor de Deus! Um Presidente que vai defender essas pessoas que deram esse desfalque, que se prevaleceram de um cargo, e colocaram o Presidente num brete - para mim ele está num brete - colocaram o Presidente em má situação, e o Presidente da República ainda vem defender essas pessoas. Não concordamos, em hipótese nenhuma. (Lê.) “Vocês cometeram erros, mas não de corrupção. Eu mesmo já sofri acusações, e sofri muito, disse Lula, segundo os Deputados”.

Agora, como é que um Presidente da Nação, um Presidente que tem a responsabilidade de dirigir este País chega e defende os corruptos? Não pode! Não pode! Isso aí nos entristece, acho que o nosso povo não merece isso. O nosso povo não merece isso!

Eu vi vários petistas amigos meus, gente de bem, lendo esta matéria - Ver. Todeschini, pessoas que V. Exª conhece, porque V. Exª também mora na Zona Sul de Porto Alegre -, pessoas estarrecidas com esta matéria: o Presidente defendendo esses corruptos, essas pessoas que se prevaleceram de um cargo e deixaram o Presidente na situação em que se encontra hoje. Dinheiro do povo, deste nosso País já tão sofrido, povo que não merece estar sofrendo dessa forma, com “mensalões”, malas com dinheiro desviado.

E o Presidente, naquela noite, deveria ter encostado a cabeça no travesseiro de forma diferente, e não dessa forma, defendendo esses corruptos, essas pessoas que deixaram essa tarja preta para muitos anos na história deste País. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Valdir Caetano.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, quando o paciente sofre um Acidente Vascular Cerebral, uma das seqüelas que ele pode ficar é sofrer a perda da fala.

O Brasil está numa grande afasia. O Brasil perdeu a fala. E, perdendo a fala, o poder de reação. E com a perda do poder de reação é que, fantasmagoricamente, estamos vendo o surgimento de mais uma figura - meu Deus do céu! -, a do despreparo e da miséria brasileira.

Um tal de Vavá é lobista do Palácio do Planalto, é lobista do Congresso e é lobista dos Ministérios.

Esse Vavá não pode ser confundido com o Vavá da Copa do Mundo de 58, um grande artilheiro.

Esse Vavá traz a nata macunaímica do perfil psicológico do brasileiro, mais para Gerson, querendo levar vantagem em tudo, já que seu irmão, do nada, e glorificando a ignorância, chegou ao cargo de Presidente da República, e se diz “Que maravilha um operário chegar à Presidência da República!” Mas existem operários muito bem preparados, existem operários discretos. E o que mancha a classe operária é colocar um operário sem nenhuma condição, despudoradamente numa posição que envergonha o País; que faz o papel mais ridículo possível nas reuniões de concerto internacional; que tem-nos dado todos os exemplos de falta de conduta, desde a célebre estrela vermelha plantada nos gramados do Palácio da Alvorada, até essa demonstração despudorada de solidariedade ao grupo de réus confessos que fraudaram a Nação inteira, não só na questão do Congresso, mas no envolvimento com o Executivo, formando, talvez, a maior rede de corrupção da história do País.

Nós presenciamos, às vezes, pequenas corrupções, nós, que somos também despreparados e defeituosos, procuramos nos aprimorar e, na luta diária, buscar, talvez, a cobertura para as nossas deficiências. Mas quando um Presidente, que visivelmente não gosta de trabalhar, que visivelmente tem um despreparo brutal para o cargo, para o qual visivelmente a Nação inteira pede que ele não saia do País para não nos envergonhar mais, pois este Presidente, coonestando todo esse conjunto de barbaridades a que sociedade contempla estarrecida e se deprime, pois ele, em mais uma das suas costumeiras bravatas, diz que não é uma doença contagiosa, que não tem problema nenhum.

Então, mais uma vez, essa mesma quantidade fantástica de votos, 54 milhões de votos, que depositou esperança no Presidente, sabe que ele teria vocação, talvez, para cozinheiro, especialmente de cozinha italiana, se tivesse que fazer, para os seus convidados, uma imensa pizza napolitana - que é o que ele propõe, na linha e na entrelinha, para o destino dos Deputados que deveriam estar já cassados, e que terão todos os direitos jurídicos, todos os direitos parlamentares e - o que é pior - toda a mão benevolente do Presidente para os réus confessos, para aqueles que fraudaram a Nação.

E, às vezes, as palavras do orador incomodam alguns Vereadores, que ficam, como corregedores da Casa, controlando o tempo. Mas eu encerro, em homenagem à aflição de certas Vereadoras.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Excelentíssimo Sr. Presidente desta Casa, nobres colegas Vereadores e Vereadoras, público que nos assiste, TV Câmara, quero, primeiramente, fazer o agradecimento, através desta tribuna, à Assamed - Associação do Bairro Menino Deus -, à Presidenta Alzira Bán e a toda aquela equipe intransigente aos valores éticos e morais do Menino Deus que obsequiou este Vereador, orgulhando-me, sobremodo, às raias da emoção, com uma premiação do Troféu do Menino Deus, que é uma reprodução, em miniatura, da Igreja Gótica do Menino Deus.

É necessário que, a exemplo de associações como a do Menino Deus, as outras Associações de Porto Alegre também, eu penso, devam agir da mesma forma, valorizando a união para buscar as suas reivindicações de modo firme, porém civilizado, sabendo valorizar o que é certo. Diversas foram as conquistas dessa Associação do Menino Deus. Portanto, meus parabéns, o meu incentivo, a minha disposição de ajudar para que a Associação do Menino Deus - como as outras - continue se unindo cada vez mais na postulação das reivindicações do seu Bairro, dos seus cidadãos.

Da mesma forma, quero me congratular com a liderança dos moradores do Jardim Marabá que me acolheu, no domingo pela manhã, de forma carinhosa, para debatermos as soluções e termos conhecimento dos problemas daquela localidade. E afirmo, com muita alegria, que ao sair de lá, estava sendo votada a escolha da diretoria de uma nova cooperativa habitacional, cooperativa esta como as que estão sendo encaminhadas ultimamente, regularmente formadas, já com o CNPJ, tudo dentro da lei. Parabéns, tenho a certeza de que essa cooperativa dos moradores do Jardim Marabá servirá para ir em busca de muitas aspirações daqueles moradores.

De resto, meus amigos, eu fico triste, apreensivo, porque eu sinto, nobre Ver. Dr. Goulart, cheiro de pizza no ar. Isso me entristece como cidadão, como brasileiro, como pai, como avô. Eu não sei, não, se as Câmaras de Vereadores, que são as legítimas representantes mais perto do povo, ou se o povo não se levantar novamente numa cruzada forte, eu acho que a pizza está pronta para ser servida. E não houve, sequer, comparações com a cassação do Presidente Collor, que deveria ser cassado. Mas o que nós estamos vendo hoje são fatos que se sucedem, dia após dia, e que a cada fato isso resultaria num empate com aquilo que aconteceu com o ex-Presidente Collor.

O Relatório da Procuradoria da República a respeito do Zeca Dirceu - agora entra na história do País, o Zeca Dirceu, filho do José Dirceu, com favorecimentos, também, no Estado do Paraná. O irmão Vavá, lobista, altruísta e idealista do Presidente da República. O Severino, decidindo as eleições da Presidência do Congresso, depois de ter renunciado em troca de cargos para seus parentes. O ex-Deputado Valdemar Costa Neto, garantindo Ministérios em troca de votos para escolha da Presidência da Câmara. O filho pródigo de Sua Excelência, de Sua Santidade, porque disse que não tem pecado, o Presidente Lula. Mas de tudo isto, eu quero concluir que temos ao menos uma notícia que nos favorece um pouco: o que o Rio Grande não condenou na época: o Presidente Lula vai a público chamar a atenção do nosso então Governador Olívio Dutra, por ter usado mal as verbas destinadas para a manutenção das estradas para fazer o pagamento do 13º salário.

Meus amigos, peço a Deus que nos dê força e coragem para que esta cruzada não se transforme em pizza, e que esse cheiro de pizza que parece estar chegando, que possamos novamente soprá-lo para longe, e termos, em troca disto, mais ética, mais moral e mais honestidade. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1.ª SESSÃO

 

PROC. N. 0640/96 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N. 04/96, de autoria do Ver. Raul Carrion, que acrescenta Parágrafo único ao art. 111 da Lei Complementar n. 284, de 27 de outubro de 1992, que institui o Código de Edificações de Porto Alegre. (caixa de correspondência/segurança carteiros).

 

PROC. N. 5543/05 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N. 129/05, de autoria do Ver. Ervino Besson, que concede o título honorífico de Líder Comunitário ao Senhor Vitor Alfredo Stumpf.

 

PROC. N. 5673/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 266/05, de autoria do Ver. Ibsen Pinheiro, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Ministro Luiz José Guimarães Falcão.

 

PROC. N. 5687/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 269/05, de autoria do Ver. Adeli Sell, que institui o Dia Porto-Alegrense Sem Meu Carro, a ser realizado, anualmente, no dia 22 de setembro.

 

2.ª SESSÃO

 

PROC. N. 5866/05 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N. 023/05, que dispõe sobre a política salarial dos servidores do Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

3.ª SESSÃO

 

PROC. N. 3740/05 - SUBSTITUTIVO N. 01, que determina a utilização de semáforos com temporizador de contagem regressiva no sistema de controle de trânsito de veículos no Município, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 183/05, ambos de autoria da Ver.ª Neuza Canabarro. Com Emenda n. 01 ao Projeto.

 

PROC. N. 5185/05 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N. 013/05, que autoriza a desafetação e a alienação de próprio municipal, localizado na Rua Vicente da Fontoura, n. 2772 – fundos, ao lindeiro.

 

PROC. N. 5308/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 256/05, de autoria do Ver. Professor Garcia, que institui, no Município de Porto Alegre, a Semana de Educação Física, no período que compreende o dia 1º de setembro, autoriza a Câmara Municipal de Porto Alegre a oportunizar parceria com o Executivo Municipal e entidades públicas e privadas para realização do evento. Com Emenda n. 01.

 

PROC. N. 5614/05 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N. 019/05, que declara de utilidade pública a entidade “Associação Gaúcha de Equoterapia – AGE/RS”.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, colegas Vereadores e Vereadoras, em primeira Sessão de Pauta, no dia de hoje, há um Projeto meu, que trata de um tema que nós conversamos bastante no mês de setembro, inclusive a partir da Tribuna Popular do ex-Secretário Mauri Cruz. Eu anunciei naquela data, na minha fala, que protocolaria um Projeto, colocando o dia 22 de setembro como Dia da Minha Cidade Sem Meu Carro. Eu acho que nós precisamos mais do que nunca, fazer um processo educativo na cidade de Porto Alegre sobre a questão do uso do automóvel. É preciso, mais do que nunca, como vimos hoje, aqui nesta tribuna, na fala do líder comunitário Miguel Rangel, da Restinga, valorizar o transporte coletivo.

Senhoras e senhores, em 1905 a cidade de Barcelona inaugurou o seu metrô. Ver. Dr. Goulart, em 1905! De lá para cá só aumentaram as linhas do metrô em Barcelona, valorizando o transporte coletivo de deslocamento de milhares de pessoas de um canto para outro da cidade. E Barcelona não é uma cidade tão maior do que Porto Alegre. É maior, sim, mas não tão maior.

A Cidade Luz, Paris, tem linhas de metrô que qualquer cidadão que lá desembarca, sabe e consegue se deslocar de um ponto a outro da cidade sem maiores transtornos.

Aqui, não bastasse o problema da falta de sinalização, há o de sinalização inadequada, e um conjunto de outros déficits que nós temos na questão da modernidade do transporte na nossa Cidade, apesar dos significativos avanços na qualidade do transporte coletivo, que é inegável. Não há qualquer cidade que tenha nesse sentido condições e tenha o transporte coletivo que nós temos, inclusive com ônibus com ar refrigerado. Mas, ao lado disso, nós temos um trânsito tumultuado, motoristas que não observam as faixas de segurança, pedestres que não obedecem às faixas de segurança. Em lugares onde temos difícil acesso para estacionar o automóvel, mesmo assim o cidadão chega e estaciona de qualquer maneira, forçando a chegada na porta do banco onde vai pagar uma conta, na frente da farmácia, e assim por diante.

Nós temos que discutir um novo modo de encarar a questão do uso do automóvel aqui em Porto Alegre, e do uso do transporte coletivo, que temos que valorizar. Por isso, a cada ano, como se faz no mundo inteiro, nas cidades mais civilizadas, temos que ter um “dia na cidade sem o meu automóvel” para que a gente possa valorizar e usar mais efetivamente o transporte coletivo.

Em Porto Alegre, além dos ônibus - e não há ônibus-pirata aqui -, temos os nossos lotações, que são um transporte seletivo, de qualidade, que deu a Porto Alegre um diferencial em relação a tantas e tantas outras cidades do Brasil onde houve confrontos, e confrontos inimagináveis. Em Porto Alegre, não houve confronto nessa área do transporte seletivo.

Por isso, fiz questão de colocar esse Projeto de Lei, para que, mais do que neste ano, em que simplesmente foram distribuídos alguns materiais educativos, no ano que vem, possamos repetir o que já se fez aqui e o que se faz nas cidades mais civilizadas do mundo, possamos ter espaços em que não haverá, naquele dia, lugar para o transporte individual, mas sim para o transporte coletivo de passageiros.

Nós estamos, com esse Projeto de Lei, marcando e remarcando um conjunto de iniciativas do nosso mandato, para que a gente possa fazer um processo de educação para o trânsito, consigamos levar essas idéias para dentro das escolas e, no futuro, possamos ter uma geração de pessoas mais responsáveis no transporte e circulação, e principalmente no trânsito da nossa Cidade. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na Pauta de hoje, temos esse magnífico Projeto do Ver. Adeli Sell, que se presta a uma discussão quase que permanente sobre algumas coisas que ocorreram na história do mundo.

Lá pelo fim do século XIX, nós temos a segunda Revolução Industrial, com a chegada do daguerreótipo, com o motor a explosão e, Verª Margarete Moraes, se V. Exª sair do Capitólio, em Washington, em direção à Casa Branca, há uma avenida com seis pistas de cada lado. Essa avenida foi projetada em 1902, 1903. Já se previa essa explosão industrial. Buenos Aires já tinha também suas avenidas, e até o metrô de Buenos Aires é anterior a todos os metrôs, exceto ao de Moscou.

Então, essa questão do transporte de massa ficou relegada a um plano secundário com a “Idade do Automóvel”, e nós, como políticas públicas, durante algum tempo, enquanto o automóvel nunca ocupou as nossas ruas, indiscutivelmente, nós tivemos uma Cidade extremamente agradável, com um transporte coletivo da melhor qualidade.

Mas, de 20 anos para cá, nós fizemos a negação da “Idade do Automóvel”, isto é, a nossa malha viária se manteve quase que imutável, imperceptivelmente mudada durante 20 anos.

Então, evidentemente, as primeiras soluções apareceram, a primeira delas matando o Centro, quando se tirou o automóvel do Centro; a segunda, mantendo toda a Cidade com praticamente a mesma malha viária, com exceção da Av. Ipiranga, terminada no Governo Villela e, agora, da 3.ª Perimetral, só que, em 20 anos, de 200 mil automóveis, nós passamos para 600 mil.

Essa desadaptação, esse inferno do trânsito de Porto Alegre e esse fetiche do automóvel, que, pelas harmonias das suas linhas, pela potência do seu motor, que substitui todas as nossas impotências, passa a ser algo tão sedutor que, pasmem os céus, nesse desencontro, nessa confusão urbana do espaço urbano não-distribuído, às vezes, na hora do estacionamento, nós queiramos nos livrar desse motivo de paixão e de amor industrial que é o automóvel de qualquer maneira e façamos qualquer coisa para sairmos do automóvel e irmos a pé em outra direção.

É paradoxal o nosso sentimento. Por isso, a Cidade não deve negar a “Idade do Automóvel”; por isso a Cidade deve renovar a sua frota. Não deve aumentar muito o número de automóveis, mas deve adaptar a sua malha viária a um transporte muito mais confortável e muito mais racional.

Nós, aqui na Cidade, temos um outro fator que tem que ser levado em consideração: é o nosso sistema de ventos. Nós temos, Ver. Brasinha, um minuano maravilhoso nesta época do ano - que já está no fim -, que sustenta os ventos da primavera e que varre toda a poluição dos 600 mil automóveis da Cidade. Isso é um privilégio de Porto Alegre que São Paulo já não tem. Então, nos dias quentes, existe a inversão térmica por resíduos, exatamente dos motores dos automóveis, deixando a Cidade poluída, com doenças respiratórias disseminadas, e, principalmente, nós esquecemos que vivemos, às vezes, numa Cidade tão aprazível e tão linda, e o automóvel passa a ser uma praga.

É isso o que nós queremos discutir e debater. Então, eu quero felicitar o Ver. Adeli Sell pela inspiração do seu Projeto e, principalmente, por suscitar um debate sobre um tema tão importante, sobre um tema tão desafiador, que eu poderia passar para o estágio seguinte, isto é, perguntar: a civilização pós-industrial que nós temos hoje vai ser também a civilização pós-automóvel? Essa é a pergunta que, nos dias em que nós caminharmos pela Cidade sem o automóvel, nós vamo-nos perguntar. É a pergunta que nós vamos deixar no ar e que só um grande debate poderá esclarecer.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, colegas Vereadores, colegas Vereadoras, lideranças do funcionalismo público aqui presentes, prezados ouvintes, está em Pauta aqui o Projeto de origem do Executivo Municipal que trata da política pública do funcionalismo municipal de Porto Alegre. Este Projeto que foi remetido à Câmara de Vereadores, que está hoje em segunda Sessão de Pauta, é um projeto importantíssimo para o Município de Porto Alegre. Importantíssimo, porque ele muda a política salarial conquistada pelos funcionários públicos municipais e que é tida como a política do funcionalismo público municipal mais avançada do Brasil. E o Executivo Municipal apresenta este Projeto à Câmara de Vereadores quebrando com várias conquistas, sendo a principal delas a bimestralidade. Bem, este Projeto que foi apresentado, demonstra, além de tudo, a fragilidade do diálogo com os funcionários públicos municipais. E quero dizer aqui aos nobres colegas Vereadores e Vereadoras que o pedido do funcionalismo municipal é que retire este Projeto de Pauta para que possam dialogar e construir uma política que seja eficaz e que seja uma política superadora à já existente, e não uma política retroativa, no sentido de qualidade à já existente.

Vou enumerar alguns pontos aqui colocados, que considero que são debilidades deste Projeto e que não dialoga com a categoria e não dialoga com a cidade de Porto Alegre. A primeira delas é que ele não trata da manutenção da bimestralidade, que é uma conquista, ele retira a bimestralidade e apresenta a lógica da anuidade. A segunda questão: ele apresenta um reajuste de 4,51% para ser oferecido agora, 2,42% retroativo a maio deste ano, sendo os outros 2,09% só para o próximo ano. Bem, isso nada mais é do que uma reposição das perdas. E as perdas são de 18,9%, perdas acumuladas!

O Projeto não trata das perdas acumuladas. É outra debilidade que o Projeto apresenta a esta Casa, Ver. Bernardino.

Outra debilidade que este Projeto apresenta: ele trata da política salarial e não apresenta um indexador oficial para poder dialogar, seja ele o IGP-M, o IPCA. Enfim, não existe Projeto que trate de política salarial que não traga um indexador para poder dialogar e deixar as referências construídas.

Com relação a este Projeto, que é discutido pelos funcionários públicos municipais, já existe um documento construído pelos funcionários públicos de diversas associações, seja pela Associação dos Procuradores da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, seja pela Associação dos Trabalhadores em Educação de Porto Alegre, seja pela Associação dos Funcionários Públicos Municipais, seja pela Associação dos Técnicos Científicos, seja pela Associação dos Funcionários da SMOV, seja pela Associação dos Funcionários do DEP, e assim por diante, pedindo a retirada do Projeto. Se todas essas entidades estão em desacordo com o Projeto apresentado pelo Executivo Municipal, esta Casa teria de ter a tranqüilidade e a sensatez de receber aqui um Projeto, após a negociação ter sido executada - Ver. Brasinha, V. Exª que é da base do Governo - e elaborada em conjunto, com uma proposta superadora e propositiva.

Nós, aqui, votamos, na semana passada, o Projeto Refis, que é para aumentar a arrecadação municipal. Agora, nós também temos de contribuir para que essa arrecadação também seja bem distribuída, Ver. Newton Braga. E a boa distribuição de uma arrecadação significa manter a altivez da melhor política salarial do funcionalismo do Brasil. Este Projeto vem na contramão e acaba com a melhor política salarial do funcionalismo público do Brasil.

Portanto, a premissa dita em campanha de que o que era bom ficaria e seria qualificado, nesse caso, o Sr. Prefeito Municipal está na contramão do que foi dito. Esse não é o melhor Projeto para a cidade de Porto Alegre. Muito obrigado, Sr. Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em Pauta Projeto do Ver. Raul Carrion, que altera o código de edificações de Porto Alegre, para contemplar cada habitação, cada conjunto habitacional, com uma caixa de correspondência para proteção dos carteiros. Muitas vezes os carteiros chegam às residências e não conseguem entrar, são agredidos por cães, cães ferozes muitas vezes, e isso está realmente prejudicando a entrega de correspondência. Acho que é um Projeto meritório, será analisado, e traz em seu bojo uma proteção aos carteiros.

Mas Porto Alegre também tem outros problemas com os carteiros: a falta de carteiros, a falta de CEP para as ruas, o Código de Endereçamento Postal. Há necessidade de pelo menos 32 carteiros para a Zona Sul e para a Zona Norte, somente para essas duas zonas, esses dois postos de distribuição de correspondência. Eu estive pessoalmente em Brasília, na Direção dos Correios, gestionando sobre isso, mas até agora os Correios não deram a solução.

Há também, na regional do Rio Grande do Sul, muitos carteiros em desvio de função, o que prejudica o objetivo, que é a entrega de correspondência.

Antecedeu-me na tribuna o Ver. Carlos Comassetto, falando da política salarial. Qualquer proposta que se faça aos funcionários sempre será pequena, sem dúvida. Quem não quer ganhar mais? A não ser que goste de sofrer. Todos nós queremos ganhar mais. O Prefeito Fogaça está propondo pagar a inflação de janeiro a maio aos funcionários e mais aquele percentual de acréscimo da arrecadação que ocorreu até maio. Isso, calculado, deu 4,51%, e é isso que a Prefeitura pode pagar. O Ver. Comassetto falou que é falta de diálogo, mas, hoje pela manhã, a Verª Clênia - Líder do Governo - me transmitiu que já foram feitas 22 reuniões. Ora, isso é falta de diálogo?

Muito bem. Foi dito que a bimestralidade é uma conquista. Concordo. É uma grande conquista. Mas quem foi que retirou a bimestralidade em maio de 2003? Por que foi retirada? Evidente que foi retirada, porque a Prefeitura tinha dificuldades de pagamento. Evidente. E essas dificuldades continuam; a Prefeitura teve déficit estrutural no ano passado; este ano vai manter o déficit, e espera-se que, para o outro ano, ele esteja equilibrado, porque a arrecadação tem aumentado, e esta Casa aprovou recentemente o Refis, para que esse atraso da arrecadação seja compensado com uma diminuição na multa e um parcelamento. Espera-se, então, que a arrecadação venha a se recuperar. Então, eu queria dizer: o Governo Fogaça está dividindo, como um parceiro, o aumento da arrecadação. Aumentou a arrecadação, e o Governo está repassando aos funcionários como uma parceria. E eu queria deixar bem claro que quem retirou a conquista dos funcionários foi o Governo do Partido dos Trabalhadores, mas retirou, porque a Prefeitura estava em dificuldade financeira e ainda hoje se encontra com déficit estrutural.

Acho que há diálogo, mas o diálogo continua, e ainda há várias reuniões agendadas. O Projeto recém está em Pauta, pode merecer emendas, e o diálogo vai continuar. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. RAUL CARRION: Excelentíssimo Ver. Elói Guimarães, demais Vereadores e Vereadoras, todos que nos acompanham, Lideranças da categoria municipária que acompanham aqui a Pauta, devido à importância do Projeto do reajuste dos salários, a nossa saudação.

O tema central da minha fala, aqui na Pauta, será, evidentemente, o Projeto que trata do reajuste salarial da categoria municipária, mas, antes disso, eu queria, muito rapidamente -, inclusive o Ver. Nedel já fez referência a isso - anunciar esse nosso Projeto bastante simples, que nós desarquivamos, pois ele já estava aqui há algum tempo, e conseguimos localizá-lo, entendendo que era interessante. Ele propõe que (Lê.): “Na parte fronteira de todo imóvel edificado, situado no Município de Porto Alegre, deverá ser colocada, obrigatoriamente, uma caixa para coleta de correspondência, de forma a permitir fácil acesso e maior segurança para o trabalho dos carteiros”. É a razão que o Ver. Nedel já, de forma correta, colocou aqui. Nós sabemos que, muitas vezes, há inúmeros acidentes, há agressões por animais, por cães, aos carteiros, porque se torna difícil a entrega da correspondência. E esse Projeto - é bom que se diga, Ver. Nedel - não é só bom para os carteiros, porque quem envia a correspondência também quer que ela não se extravie, quer que chegue a tempo, assim como quem recebe. Então, é uma coisa simples, mas procura evitar esses transtornos de que V. Exª tão bem tratou.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Pois eu queria cumprimentar V. Exª pela oportunidade desse Projeto. Ele vem beneficiar realmente a entrega de correspondência, a aceleração e a segurança de quem irá recebê-la, tendo a certeza do seu recebimento. Meus cumprimentos.

 

O SR. RAUL CARRION: Então, nós pretendemos aperfeiçoar, com a contribuição dos outros Vereadores, mas a essência está colocada.

Mas nós queríamos mesmo tratar com mais profundidade a questão do reajuste salarial dos municipários. Em primeiro lugar, quero parabenizar o nosso Presidente, Ver. Elói Guimarães, que hoje, na reunião da Mesa, assumiu o compromisso que já havia assumido com a categoria de chamar, para os próximos dias, num final de tarde, em torno das 18 horas, 18h30min, uma grande reunião nesta Casa, neste Plenário, para que tenha espaço para a categoria municipária, para os Vereadores, o Poder Público, o Executivo Municipal, para então discutir conjuntamente a questão do reajuste.

Falou o Ver. Nedel, falou a Verª Clênia que já se realizaram 22 reuniões, mas se o número resolvesse, isso já estaria resolvido. É que às vezes as reuniões, Verª Sofia, são os chamados ouvidos moucos, quer dizer, faz-se a reunião, mas não se decide.

Eu tenho certeza de que, através da interferência da Câmara, nós vamos abrir um diálogo frutífero, porque o diálogo que tem havido é certamente um diálogo infrutífero. Onde estão as resistências nós não sabemos, não vamos previamente dizer. Será uma grande oportunidade, então, será um passo importante.

Em função disso, nós vamos abrir mão do nosso Requerimento que pedia uma audiência pública, para que, com a máxima agilidade, se realize essa reunião aqui. Também a Verª Sofia deixou em aberto o seu Requerimento. Vamos discutir novamente na quinta-feira, sobre a questão da retirada do Projeto, que será discutido no momento oportuno.

O tempo está-se esgotando, mas eu queria, rapidamente, dizer o seguinte: pelo que nos informam, houve uma nova reunião, na sexta-feira, se não me engano, à tarde. Depois da vinda dos municipários aqui na Casa, foi uma reunião, das 22 que houve, só que, ao pedido deles, da retirada do Projeto, a resposta do Governo foi a seguinte: nós retiramos o Projeto que acaba com a política salarial, já que os municipários não querem, mas não enviaremos outro, dando reajuste emergencial de 4,51%.

Um diálogo nesses termos, Ver. Nedel, não me parece justo. Eu creio que, se há um impasse entre a categoria e o Executivo, é preciso que, neste momento, num gesto, Ver. Ismael - que tem procurado sempre ajudar junto ao Executivo, como um Vereador da base -, retire-se esse Projeto, porque esse Projeto está eivado de irregularidades, no sentido de que é um Projeto de Lei comum para revogar uma Lei Complementar que criou a bimestralidade. E é um Projeto que, em torno do aumento emergencial de 4,51%, retira qualquer política salarial em nome de uma futura política que virá para esta Casa. O que querem os municipários? Eles aceitam, emergencialmente, 4,51%, porque o que tem que ser corrigido não é a inflação de janeiro a maio, mas é a inflação de maio do ano passado a maio deste ano, no mínimo, que sejam reconhecidos os atrasados, que são 19 e pouco por cento, e que a questão da política salarial não seja tocada, Ver. Comassetto, até que tenham uma nova política salarial, com um indexador externo, discutindo-se a periodicidade, que, em princípio, é a bimestralidade, mas que, me parece, os municipários ainda se dispõem a discutir.

O que não pode é esta Casa, Verª Margarete, sem nenhuma proposta de mudança de política salarial, acabar com a que existe em troca de míseros 4,51%, que é a inflação só de janeiro até maio, quando há 25 meses de inflação passada.

Então, eu creio que o diálogo que a Casa vai abrir, agora, com a participação dos Vereadores, terá possibilidades de fazer com que o Governo Municipal avance na sua proposta. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Encerrada a discussão da Pauta. A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, quem esteve por oito anos na presidência deste País e entregou, Ver. Sebenelo, bilhões em patrimônio público, eu diria a preço de banana, mais de cem estatais lucrativas e estratégicas para este País, que foram passadas para mãos privadas em processos, no mínimo, suspeitos, que geraram várias iniciativas de CPIs, engavetadas, não deveria vir aqui com tanta empáfia falar do Governo Lula, do Governo Lula que barrou as privatizações, que colocou este País em crescimento depois de oito anos de estagnação, de crescimento negativo (sic) pela irresponsável âncora cambial. Eu lembro de quantas pequenas e médias empresas quebraram, eu lembro da área de vestuário, lembro de ir a Brusque, e aquela rua inteira de pequenas empresas de vestuário que quebraram, fechou a rua inteira, Ver. Nedel, a quebradeira das empresas neste País foi o que nós vivemos nos oito anos. Então, o que a gente vê aqui de falas contra o Partido dos Trabalhadores, é como se ele tivesse inaugurado a corrupção neste País e não fosse vítima de um sistema dos que, por muitos anos mandaram neste País, depauperaram a nossa democracia e as nossas condições.

Quero fazer este registro para dizer que Vereadores, que antes diziam que aqui não é para se tratar das questões nacionais, hoje fogem de explicar a tragédia que se encontra a cidade de Porto Alegre com o Governo Fogaça, tragédia, sim, porque os indicadores, um atrás do outro, nos dizem que essa transição foi desastrosa para a Cidade.

A Educação que foi pauta, que foi questão central da campanha eleitoral, na campanha feita política, para se ganhar Porto Alegre... A questão da Saúde está dramática, não melhorou não, piorou. Nós estamos tentando ler o Relatório de Gestão que foi mandado para esta Casa, com uma letra ilegível, e nós vamos demonstrar aqui, com dados, como se piorou, como se diminuíram consultas, como se fecharam importantes programas, como o da prevenção à Aids, programa fundamental que trazia benefícios aqui para Porto Alegre; indicadores importantes.

Se formos olhar a questão do funcionalismo, é um escândalo, sim! Porque, com esse discurso da valorização do funcionalismo, a gente pensa que engana, ao mesmo tempo em que se faz 20 e poucas reuniões de negociação, se manda para a Câmara um projeto de lei que acaba com a bimestralidade, que acaba com a conquista dos trabalhadores desta Cidade, que é exemplar para o País, que tenta acabar, aliás, por lei, e que vai incidir aqui nos funcionários da Câmara, Ver. Luiz Braz, porque esse projeto de lei não é um projeto só para o Executivo, é para os funcionários da Casa, que mantiveram com luta, com vontade política das diferentes Administrações, o seu reajuste bimestral. Pois esse projeto de lei que vem para cá não é um esforço de diálogo, não é diálogo, é uma ruptura com as negociações que os funcionários vinham fazendo através da sua mobilização, do diálogo e reuniões. Esse projeto de lei é uma ruptura, é um desrespeito e é um descaso.

O que o Ver. Carrion falou aqui há pouco é verdade, os municipários tiraram, na quinta-feira, uma contraproposta, flexibilizando, aceitando o reajuste emergencial. E o que diz o Governo na mesa de negociações? “Se nós temos que tirar o Projeto de Lei da Câmara, nós não vamos dar o reajuste de 4% para vocês”. Ou seja, o Governo coloca como condição o fim da bimestralidade para os municipários e faz o discurso da valorização dos funcionários, aumentando os CCs; faz o discurso da valorização dos funcionários, mandando o Projeto para cá, para que os funcionários municipais deixem de ter o uso das FGs como um privilégio exclusivo dos próprios funcionários. Isso não é uma reserva de recursos, isso é a valorização do funcionário por intermédio de chefias de setores. Hoje os funcionários municipais chefiam os setores em toda a Prefeitura. Fazem o discurso da valorização dos funcionários, e a queixa geral de várias Secretarias é de uma relação autoritária, não há diálogo das chefias com os seus funcionários. Em todas as Secretarias nós escutamos isso, fazem o discurso da valorização dos funcionários e estão adotando medidas, como no DMAE, que vão atingir os funcionários do nível mais baixo. E eu poderia seguir citando aqui. Então não é qualquer momento.

Finalizo, Ver. Braz, agradecendo pela tolerância, dizendo que as finanças públicas não pioraram em relação ao ano de 2004, ou 2003, quando a Prefeitura, a Frente Popular, suspendeu o pagamento da bimestralidade, mas não terminou com ela; as condições financeiras do Município melhoraram com o tarifaço do Rigotto, com o aumento de ICMS, com a nossa aprovação do Refis, que dará uma repercussão importante. Portanto, se a situação está melhor, os funcionários têm toda a razão de estarem firmes na sua luta e exigir uma relação mais transparente, inclusive com políticas públicas de saneamento da Prefeitura, discutidas com os funcionários. Muito obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Exmo. Ver. Luiz Braz, presidindo os trabalhos, demais Vereadores e Vereadoras, em primeiro lugar, eu queria, de uma forma rápida, Ver. Brasinha, Ver. Comassetto, Ver. Ismael, dar algumas notícias importantes da nossa CUTHAB. Temos já a informação da aprovação do EVU da área para a Atilio Supertti, já foi aprovado no Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, teremos agora reunião no dia 18, já em cima de um avanço importante. Em segundo lugar, já foi aprovado também pela Prefeitura, irá para o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, no dia de amanhã, o EVU para a solução, também, do Loteamento do Túnel Verde, pois há cerca de 12 anos, Ver. Comassetto, lá existe o problema. Então, essa é outra comunidade que avança na sua solução.

Com relação à Vitória da Conquista - nós já havíamos dado a notícia, no microfone de apartes, outro dia -, quanto ao julgamento da ação, agora no dia 05, que poderia levar a despejo 700 famílias; foi suspensa a decisão, ficou para março, e isso é fruto de todo um encaminhamento, evidentemente.

Nós estivemos em Brasília, conversando com a Casa Civil da Presidência da República, estivemos em contato com a BR Distribuidora no Rio de Janeiro, então há uma série de comunidades que estão tendo agora a colheita - não é, Ver. Ismael? - de muito trabalho da nossa Comissão. Não vou falar da Vila Anita, de cujo despejo conseguimos também a suspensão, junto à PGM e ao DEMHAB. E também há a Morada do Sol, processo em que o próprio Desembargador suspendeu aquela reintegração de posse. Podemos dizer que Porto Alegre tem sido, nesses anos, devido a um amplo trabalho, menos castigada por esses atos tão sérios, traumáticos, que são os despejos.

Isso posto, nós queríamos também, rapidamente, registrar, Ver. Todeschini, Verª Sofia, a homenagem pela passagem, no dia 08 de outubro, do aniversário da morte de Che Guevara, esse grande revolucionário latino-americano que não só jogou um papel fundamental na luta pela vitória do povo cubano, mas também na luta latino-americana, e não se acomodou, chegando ao poder em Cuba, saiu da tranqüilidade do processo - tranqüilidade entre aspas, porque o bloqueio continua - e foi levar a luta para o continente latino-americano, sendo assassinado, depois de preso, pelas tropas bolivianas.

Fizemos a mensagem aqui do minuto de silêncio, mas queria fazer um rápido registro sobre o nosso ex-colega Eloy Martins, ex-Vereador desta Cidade, eleito em 1947, por intermédio de outra legenda, porque no ano de 1947 o Partido Comunista do Brasil havia sido colocado na ilegalidade, mostrando o pouco apego da burguesia brasileira, da classe dominante brasileira, à democracia. Elegeram-se ele e Marino dos Santos - que foi o mais votado na Capital - pelos comunistas. E Eloy Martins foi o primeiro operário negro e comunista eleito por esta Cidade para a Câmara Municipal. Teve como suplente Julieta Batistioli, operária têxtil, primeira mulher também que assumiu uma Bancada nesta Casa, eleita pelo Partido Comunista do Brasil. Eloy Martins faleceu aos 93 anos de idade, foi dirigente nacional, dirigente estadual, um dos fundadores do Sindicato dos Metalúrgicos; aos 17 anos, em 1928, ingressou no Bloco Operário Camponês, que era a legenda de que os Comunistas participavam; foi dirigente da FORGS, a famosa Federação Operária do Rio Grande do Sul; foi secretário do jornal Voz do Trabalhador; foi um dos lutadores da campanha O Petróleo é Nosso; em suma, ele foi uma grande liderança, um estudioso, um teórico, escreveu três livros, e o último deles, Ver. Comassetto, ele o escreveu aos 80 anos de idade, seu derradeiro livro entre os três que escreveu. Também queríamos homenagear - já falamos sobre isso aqui - a nossa dirigente do Partido Comunista do Brasil em Pelotas, Vera Goulart, militante desde 1983 no Partido Comunista do Brasil, dirigente, desde 1986, da CUT estadual, do Sindicato dos Comerciários, Federação dos Comerciários, Confederação Nacional dos Comerciários, fundadora da União Brasileira de Mulheres. Por fim, registro um importante ato ocorrido no dia 07, na sexta-feira passada, que foi uma manifestação em frente ao Palácio Piratini. Desta Câmara, lá estavam
presentes a Verª Manuela e este Vereador, em homenagem ao líder sindicalista morto em Sapiranga, do setor calçadista, Jair Antônio da Costa. Um importante e grande ato lá foi realizado. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Ver. João Carlos Nedel, solicitaria que V. Exª assumisse a presidência.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO (Requerimento): Sr. Presidente, gostaria de fazer um Requerimento.

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Deixe o Ver. Nedel assumir aqui a presidência.

 

(O Ver. João Carlos Nedel assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O senhor permite que o próximo Vereador...

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Se for regimental o não-atendimento da minha solicitação, sim; caso contrário, eu gostaria que fosse verificado o quórum neste momento.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Não, V. Exª tem a prioridade, é uma decisão de Vossa Excelência.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Solicito verificação de quórum, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Pois, não, solicito a verificação de quórum.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Antes de V. Exª fazer a verificação de quórum, que foi solicitada pelo Ver. Comassetto, quero dizer que é costume da Casa conceder a palavra aos Vereadores inscritos, propiciando que possam usar a tribuna, porque acredito que seja uma descortesia, uma deselegância, algo até não muito usado na democracia o orador ser retirado dessa forma da tribuna.

Peço a V. Exª, em nome do costume, do direito consuetudinário, que permita que este Vereador possa utilizar o tempo de Comunicação de Líder da sua Bancada. É da democracia desta Casa que isso possa acontecer, Ver. João Carlos Nedel.

Eu nunca retirei ninguém da tribuna dessa forma, então posso dizer a V. Exª que esta Casa não utiliza expedientes assim.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Eu consultei o Ver. Comassetto, e o consultarei novamente.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente, a solicitação de verificação de quórum não é no sentido de tirar ninguém da tribuna; pelo contrário, quem fala tem de ter para quem falar, e creio que não há Vereadores ouvintes nesta Casa. Portanto, é essa a minha solicitação de Vereador. Não há quórum suficiente, na questão regimental. É nesse sentido, não tenho nenhuma objeção a que o Ver. Luiz Braz venha a usar a palavra.

 

O SR. LUIZ BRAZ: As duas Lideranças que utilizariam a tribuna por último tiveram o mesmo quórum que temos agora. Eu estava presidindo a Sessão e poderia tê-la encerrado, se assim o quisesse, mas não o fiz porque acredito que é uma descortesia agir dessa forma com qualquer uma das Lideranças, mas o quórum não é diferente de quando as outras Lideranças, inclusive a própria Liderança do Partido do Ver. Comassetto, estava utilizando a tribuna no tempo de Comunicação de Líder.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Queria agradecer pela referência a mim, como Vereador, e gostaria de dizer ao Ver. Comassetto que eu também sou Vereador, tenho ouvidos, iria ouvir com prazer todas as outras manifestações, e não quero sair do Plenário.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Eu queria apenas fazer o registro de que nenhum Vereador estava na tribuna ou tinha sido anunciado para falar. Tenho certeza de que o Ver. Comassetto retirará o seu Requerimento, se isso estiver previsto, diante desse apelo. Mas não foi anunciado nem chamado ninguém para a tribuna, e não temos como saber se alguém está inscrito para falar. Portanto, não houve nenhuma intenção de cercear a palavra de ninguém.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Vereadora, este Presidente assumiu, porque o Ver. Luiz Braz iria manifestar-se e pediu a substituição dele na Presidência, mas eu cumpro o Regimento.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente, a intenção do meu pedido de verificação de quórum não é nenhum desmerecimento a quem pretendia fazer uso da palavra e, muito menos, aos poucos colegas que aqui estão, mas é no sentido de convidar aqueles que aqui não estão para que venham para ouvir. Eu retiro o meu pedido de verificação de quórum, mas, logo após a fala do Ver. Luiz Braz, gostaria que isso se efetivasse, porque não tenho nenhuma postura de contribuir com a possibilidade da deselegância na construção da democracia.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Muito obrigado, Vereador.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, não concordo com a frase final de V. Exª, porque, afinal de contas, essa cortesia é da Casa. A Casa sempre utilizou princípios democráticos para que todas as Lideranças que quisessem pudessem falar, pelo menos quando elas estavam inscritas. Então, é assim que vejo.

Eu ouvi a Verª Sofia Cavedon nesta tribuna pronunciar-se com relação às privatizações. Eu acredito que a Verª Sofia tenha as informações que tenho e que o País tem. Uma das primeiras pessoas, um dos primeiros administradores a utilizar-se do terreno das privatizações para poder administrar uma Cidade, um Estado, um País, um dos primeiros foi o Prefeito Palocci, em Ribeirão Preto. O serviço de água de Ribeirão Preto foi privatizado na época do Prefeito Palocci. Foi naquela época, Verª Sofia, exatamente naquela época em que surgiram os primeiros boatos que depois foram transformando-se em verdades sobre a corrupção na Prefeitura de Ribeirão Preto, em que aquelas pessoas que eram assessoras do então Prefeito Palocci, agora Ministro Palocci, participavam daquela gestão lá em Ribeirão. Então, quando V. Exª falar em privatizações terá de dar uma olhadinha na história do seu Partido, porque, afinal de contas, o seu Partido, quando esteve administrando Ribeirão, esteve lá também no terreno das privatizações. É claro que se nós formos aqui discutir as privatizações, o porquê das privatizações, eu acredito que daria, realmente, um debate muito bom, e eu acho que ninguém poderia ficar a cavaleiro nesta discussão, porque, afinal de contas, se existe pecado - e eu acho que podem existir alguns pecados em alguns setores de privatizações -, mas se existem pecados, esses pecados, na verdade, foram cometidos por todos aqueles que administraram cidades, Estados e o País. Então, realmente, V. Exª não tem razão. Quando V. Exª começa a querer comparar atitudes do então Presidente Fernando Henrique Cardoso com atitudes das administrações feitas pelo seu Partido até agora, eu acredito que naquilo que está sendo criticado, como é o caso de desvio de recursos públicos que foram parar em bancos estrangeiros, dinheiro que saiu daqui do nosso País, e que poderia estar servindo para a Saúde, para a Educação, para transformar o nosso País num País melhor, estes recursos foram parar nas contas do PT em países estrangeiros.

Então, eu acredito que isto, na verdade, é querer comparar ações policialescas com ações políticas. Nós estamos falando num campo político quando nós falamos que um Presidente privatizou mais do que o outro, que um Presidente agiu de uma forma, escolhendo, talvez, um caminho administrativo pior do que o outro. Não sei! Isso aí é uma questão que nós podemos debater e comparar. Mas eu não me atrevo a comparar ações que merecem, na verdade, intervenções policiais, Polícia Federal, que está lá intervindo para saber da verdade de um possível roubo que aconteceu no País, um rombo que aconteceu no País - o dinheiro foi parar nas contas de pessoas ligadas ao Partido de V. Exª - com ações de um político que tentou, de alguma forma, dar um rumo para o nosso País.

Então, são coisas completamente diferentes, não dá para discutir esse terreno, porque realmente eu acredito que o Partido de V. Exª tem muito para explicar para a nossa Nação, tem muito para devolver para a Nação, porque, afinal de contas, foram muitos bilhões retirados da nossa sociedade; então, esse dinheiro tem que ser devolvido para os contribuintes, tem que voltar para a nossa Nação para que depois nós possamos, realmente, querer discutir no mesmo campo. Eu vou discutir ações que são lícitas, que são honestas, que são de pessoas que erram e que acertam. Agora, eu não vou discutir ladrões sendo comparados com pessoas honestas. Isso não dá para discutir, porque, afinal de contas, é querer misturar joio com trigo, e isso nós não vamos fazer.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Eu mantenho a frase cortesia do Ver. Carlos Comassetto e exerço, então, o seu pedido de verificação de quórum. Constato que, visivelmente, não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h18min.)

 

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